Também conhecido como o “Sabá dos sabás”, o Yom Kippur (Dia do Perdão) é a data mais sagrada do judaísmo e ocorre anualmente no dia 10 do primeiro mês do calendário hebraico. Foi justamente nesse dia, em 1973, que os exércitos da Síria e do Egito atacaram de surpresa o Estado de Israel, impactando o mundo e deixando o governo da primeira-ministra Golda Meir à beira do colapso.
O dramático episódio é narrado no longa-metragem Golda: a mulher de uma nação, de Guy Nattiv, em cartaz em vários cinemas do país. Destaca-se no papel principal a atriz britânica Helen Mirren, numa das melhores atuações de sua vitoriosa carreira (que inclui a premiada performance como Elizabeth II). Pena que o público parece não ter descoberto o filme! Na última sexta-feira (2/9), a sessão noturna numa das salas do Shopping Del Rey, em BH, tinha seis gatos pingados na plateia.
Guy Nattiv faz uma reconstrução histórica imaginativa, sem se render à facilidade das cenas de ação repletas de efeitos especiais que tanto agradam aos fãs de filmes de guerra. Sabiamente, o diretor optou pela sutileza, ressaltando o lado psicológico e a tensão vivida pelos personagens durante o momento narrado. Isso coloca o espectador na mesma posição de ansiedade e expectativa da protagonista e seus assessores, trancados na sala de comando ou no gabinete ministerial.
Rica biografia
Helen Mirren – que tem tudo para disputar e vencer o Oscar de melhor atriz deste ano com sua magistral atuação – revive Golda Meir naquele que foi o instante mais dramático de sua rica biografia. Isto é, os longos dias da Guerra do Yom Kippur, na qual Israel perdeu centenas de combatentes e por pouco não teve seu território ocupado pelo inimigo.
Fumando desesperadamente durante todo o tempo, Mirren materializa a tensão e o estresse vividos pela personagem no auge do conflito. Somado ao desafio de vencer os árabes ou assistir à derrota definitiva do país que ajudou a fundar em 1948, a dama de ferro israelense lutava contra o câncer, inimigo para a qual perderia a guerra cinco anos depois.
Nascida em Kiev, em 1898, Golda Meir migrou para a Terra de Israel em 1921, atuando no sindicato Histadrut e no partido trabalhista Mapai. Antes de ocupar o cargo de primeira-ministra, foi a primeira embaixadora israelense na extinga União Soviética, ministra do Interior, das Relações Internacionais e do Trabalho, além de secretária geral do partido. O líder sionista David Ben-Gurion disse, certa vez, que ela era “o único homem do seu gabinete”. De certa forma, o filme de Nattiv reafirma isso.
Além de Mirren, destacam-se no elenco Camille Cottin (como a assistente Lou Kadar) e Liev Schreiber (como o secretário de Estado americano Henry Kissinger). Há que se ressaltar o excelente roteiro de Nicholas Martin. Além do recorte histórico preciso, ele enriquece a narrativa com nuances psicológicas em cenas intimistas bem construídas, que arrebatam o espectador do princípio ao fim.
Ótima análise, Jorge.
Só hoje fiquei sabendo do filme. É uma pena que as pessoas não costumam assistir documentários e biografias no cinema. Essa guerra foi uma das mais traumáticos da história, com um alto custo humano, levando ao Acordo de Camp David.
Recentemente procurei um livro a respeito deste conflito, mas só encontrei boas referências em livros em inglês. Aí, fiquei com preguiça e não comprei. Se souber de algum livro sobre o assunto, em português, me fale.
Quando a gente lê uma matéria sobre um filme e ficamos com a sensação de estarmos perdendo algo precioso, é uma evidência de que a matéria foi feita com maestria e conhecimento de causa. Sua matéria é tudo isso, Jorge!
Acabei de assistir o magistral filme. Concordo com tudo que escreveu. Mas o duro é ver uma realidade nas telas. A guerra, que tanto mal faz às pessoas que vão ao front e às famílias. Depois negociam a “Paz “, rindo de tudo.
Olá Jorge! Obrigada pela dica, parabéns pelo artigo. Vou ver!
Ótima dica Jorge! Bj
Helen mirren é uma das minhas atrizes preferidas. suas performances como alma reville, em hitchcock, como elizabeth ! no seriado do mesmo nome, e em the queen, como elizabeth II, se nada mais tivesse filmado já lhe dariam o status de uma das maiores atrizes do cinema do todos os tempos. ainda não vi golda, a mulher de uma nação, mas não me espantaria se sua performance fosse mais uma brilhante atuação de uma atriz que continua perfeita nos seus 78 anos de vida!
Seu texto despertou meu desejo de assistir. Ótima dica, com certeza. Parabéns!
Boa dica! Obrigado!
Uma mulher como Golda Meir só poderia ser vivida nas telinhas e telonas por Atrizes com A maiúsculo.
Em 1982, quem personificou a primeira-ministra israelense foi ninguém menos do que Ingrid Bergman, numa producão norte-americana intitulada “A Woman Called Golda”.
Mirren é outro grande nome, afeita a grandes desafios.
Quanto ao público que dava para contar nos depois, não é muito diferente do número de produções atuais que também podem sê-lo.
Importa que alguns diretores insistem em não fazer apenas caça-níquéis.
Mas a Academia de Cinema olha muito o sucesso financeiro.
Muitos se lembram do tapa dado por Will Smith, mas será que se lembram dos três últimos tilmes vencedores do Oscar?
Eu não. Hehehehehe.
Fiquei curiosa em assistir. Parece ser muito bom.
Prezado Jorge, seu texto é altamente sugestivo, vou assistir. Parabéns