Jorge Fernando dos Santos

Inutilidade da poesia

A poesia não serve pra nada.

Não serve pra comer

Nem pra beber.

Não serve pra vestir

Nem pra calçar.

 

A poesia não toca no rádio

Nem melhora a audiência da TV.

Não dá lucros,

Não paga impostos,

Não vence eleições,

Nem alucina os viciados.

 

A poesia é inútil,

A poesia é estéril,

A poesia não é isso nem aquilo,

Não ata nem desata,

Não fede nem cheira.

A poesia, senhores, é um absurdo!

 

 

7 comentários em “Inutilidade da poesia”

  1. manoel malaguti

    Jorge
    Você obrigou-me a entrar na loucura. No “non sense”. E para mim você declarou amor à poesia da forma que o Selton Melo diz: o impotante não é o falado. O inportante é você, por trás das palavras, dizer coisas profundas. Você quis diser que poesia não é um comércio? Não é uma industria? A poesia é uma “emoção forte que toca a emoção de cada um”. Para mim, parei, pensei e penso que você usou um contrário para confirmar o amor pela poesia. Manoel Malaguti

  2. Oi Stefano,

    quis dizer algo que o Bill compreendeu. É isso mesmo. Há absurdos dos quais não podemos abrir mão, caso contrário, ficamos submersos em racionalidade mesquinha, sufocados por uma razão irracional.

    A arte poética, entre outras, permite que voemos.

    Obrigado ao Jorge, que propiciou o debate.

    Um abraço.

    Daniel Macedo

  3. Prezadíssimo Jorge

    Seu texto me lembrou crônica de Roberto DaMatta em que ele, a partir de Nelson Rodrigues, citou passagem da obra do teatrólogo.
    A “grã-fina do nariz de cadáver”, no estádio de futebol, perguntou ao seu milionário da vez: “quem é a bola?”
    A pergunta é absurda, insólita, é verdade. Mas DaMatta, de maneira genial, retira-a do contexto e diz que “quem é a bola?” é a grande pergunta.
    Em sua irracionalidade circular, indomável, defende DaMatta que ela, a bola, é que move o jogo. Toda a racionalidade do espetáculo futebolístico tenta dominar a absurda e indômita bola. Fora do contexto do futebol, a pergunta segue sua lindagem. Quando não se identifica a bola, a essência do espetáculo, do trabalho, da vida, perde-se o encanto.
    A vida sem seus absurdos é sem sal. Viva a poesia! Em prosa ou em versos!
    Forte abraço, Daniel Macedo

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