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Meu carro, minha dívida

Robotização das fábricas reduziu a empregabilidade do setor automobilístico

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece tão perdido quanto o seu chefe, presidente Lula. Não bastassem as controvérsias do mandatário em episódios no mínimo vexamosos (como ter ignorado o presidente Zelensky, da Ucrânia, na reunião do G7, e elogiado o ditador Maduro, da Venezuela, em Brasília), o titular do principal ministério quer antecipar a reoneração do óleo diesel.

Segundo o G1, o programa de descontos para os autos que custam até R$ 120 mil (que deveria se chamar “Meu carro, minha dívida”) será oficialmente anunciado nesta segunda-feira (05/6). Para cobrir o valor do imposto a ser reduzido, o governo pretende taxar o diesel. Isso seria a partir do próximo ano, mas Haddad propõe antecipar a cobrança. O processo terá duas etapas: metade a ser cobrada a partir de setembro e o restante, a partir de janeiro.

O objetivo do ministro é arrecadar R$ 3 bilhões. Metade disso corresponde ao provável desconto de taxas do carro popular. Outra parte será utilizada na redução do rombo das contas públicas deste ano, previsto até agora em R$ 136,2 bilhões – incluindo as despesas com o chamado orçamento secreto, naturalmente. É a velha política econômica de aumentar impostos para fazer funcionar o estado paquidérmico.

Reino das bananas

O que o governo não conta de forma clara e objetiva (em linguagem de dia de semana) é que a oneração do óleo diesel aumentará ainda mais o custo de vida dos brasileiros. Afinal de contas, para chegar aos consumidores, a maioria dos produtos comercializados no país depende fundamentalmente do transporte rodoviário de cargas.

É óbvio que os caminhoneiros e as empresas transportadoras vão repassar os custos do novo imposto, aumentando com isso a inflação. O preço de alimentos e de bens de consumo deverá disparar como nunca. Em suma, para socorrer a indústria automobilística (cujas vendas têm caído a olhos vistos), o governo penaliza o cidadão comum, sem falar no provável endividamento daqueles que deverão financiar a compra do carro.

Nada de novo no reino das bananas, onde as bananas custam o olho da cara! Em vez de investir no transporte coletivo, ampliando linhas de trem e metrô, o governo petista insiste na velha solução individual e poluente para os transportes.

Vale lembrar que a robotização das fábricas reduziu a empregabilidade do setor automobilístico. Portanto, aumentar a venda de carros beneficia muito mais a indústria do que o povo, sem falar no agravamento dos problemas de trânsito num país cujos motoristas e rodovias nunca foram lá essas coisas.

8 comentários em “Meu carro, minha dívida”

  1. “Nada de novo no reino das bananas, onde as bananas custam o olho da cara! Em vez de investir no transporte coletivo, ampliando linhas de trem e metrô, o governo petista insiste na velha solução individual e poluente para os transportes.”

    nesse ponto, o “governo petista” repete os governos anteriores, não cuidando de rodovias e se esquecendo que o transporte ferroviário aliviaria muito os grandes problemas de logística

  2. Roberto Heringer Oliveira

    Bom artigo.

    Mostra vários flagelos que vigoram desde a nova República.

    A classe média e baixa continuando a ser penalizadas, pagando as contas do Estado, e pior, enriquecendo ainda mais a elite com a manutenção das políticas de preços da Petrobras!!!

    O rombo das contas públicas sempre crescente, com a manutenção das mais altas taxas de juros do planeta, que distribuem os mais volumosos dividendos, para uma minúscula elite, que não paga um centavo sequer de tributação!!!

    De cada 100 reais que você pagou de impostos nos últimos anos, Execução Orçamentária entregou (roubou institucionalmente) 48 para a elite financeira no pagamento de juros.

    A continuação do desgoverno Bozo, que foi continuação do governo Temer, Dilma, Lula e FHC:

    Todos ajoelhados para o “estado paquidérmico” que só serve a elite!!!

  3. Tragédia anunciada, revoltante e avassalador!!! Misto de vergonha e revolta é o que eu penso e o que eu sinto, infelizmente e raivosamente!!!

  4. Jose Roberto de Alvarenga

    É a demagogia de dar com uma das mãos e tirar com a outra .
    O pobre vai continuar a pagar impostos para classe média comprar carro .

  5. Geraldo Nogueira

    Observe-se que tal subsídio não melhorará a vida do pobre, que não tem condições para comprar qualquer carro zero km.

    Tomando-se como referência o carro de 120.000, o financiamento máximo seria de 84.000. O pobre teria que desembolsar 36.000 na entrada e ele não tem isso.

    Para piorar, as parcelas do financiamento serão de 2.000 a 2.500, exigindo uma renda comprovada de 7.000 a 8.000 reais. Ora, no Brasil isso é classe média ou média alta.

    Ou seja, esse governo está mesmo sem rumo. O que pauta as suas ações são o populismo, o socialismo e a inversão dos valores morais da sociedade, especialmente pela revalorização de corruptos e corruptores.

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