Jorge Fernando dos Santos

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Bossa Nova na escola

Na manhã de terça-feira, 17 de junho, participei de um projeto interessante no Colégio Padre Eustáquio, intitulado “Chega de Saudade”. A convite dos professores Nilton e Teresa, coordenei um bate-papo sobre a Bossa Nova entre a escritora Helena Jobim e os músicos Célio Balona e Chico Brasil. Foi um encontro agradável e a conversa rolou descontraída, como num programa de auditório. 

Durante mais de uma hora falamos sobre o movimento musical que mudou o jeito do mundo ver e ouvir o Brasil, com destaque para a obra e a personalidade marcante do “maestro soberano” Tom Jobim. Helena discorreu sobre o irmão, falou do livro “Um homem iluminado”, biografia sentimental que escreveu sobre ele e que está sendo adaptada para um documentário pelos cineastas Nelson Pereira dos Santos e Marcos Altberg. Esse documentário terá como principais fios de narração depoimentos da escritora e suas ex-cunhadas, Tereza e Ana Lontra.

Célio Balona e Chico Brasil falaram sobre as repercussões da Bossa Nova na Belo Horizonte dos anos de 1960, com destaque para o primeiro grande show do gênero realizado no auditório da antiga Secretaria da Saúde, onde hoje funciona o Minascentro. Também lembramos que o cantor baiano João Gilberto passava temporada em Diamantina quando inventou a famosa batida diferente de violão que seria uma das principais marcas da Bossa Nova. Outro destaque foram as influências desse gênero musical na turma do Clube da Esquina, principalmente Milton Nascimento, que foi cantor do conjunto Sambacana, de Pacífico Mascarenhas, no início daquela década. Pacífico estava em Diamantina quando conheceu em primeira mão o novo ritmo musical “inventado” por João Gilberto.

O mais legal do encontro de terça-feira foi que falamos para professores e alunos do terceiro ano, rapaziada em torno de 17 anos. Todos foram superatenciosos e, na última parte do bate-papo, fizeram perguntas aos convidados, tiraram fotos e pediram autógrafos, principalmente a Helena Jobim. Célio Balona e Chico Brasil abrilhantaram o encontro tocando no teclado e no acordeon alguns dos maiores sucessos do Tom, com destaque para “Chega de Saudade” e “Garota de Ipanema”, parcerias clássicas com o poeta Vinicius de Moraes. A professora de matemática Maria Luíza – afinadíssima – deu uma canja, interpretando “Corcovado”. A galera quase foi ao delírio.

Seria ótimo se outros estabelecimentos de ensino fizessem o mesmo, abrindo espaço para a música e a história da cultura brasileira em seu currículo. Paralelo ao tema da Bossa Nova, abordamos aspectos históricos relacionados à euforia nacionalista provocada pelo governo do “presidente bossa-nova”, Juscelino Kubitschek. Além da Bossa Nova, destacamos o cinema novo, poesia concreta, teatro de arena e a nova arquitetura de Lúcio Costa e Niemeyer que culminou com a inauguração de Brasília, em 1960. Enfim, analisamos o período político de 1958 a 1968, quando o AI-5 da ditadura militar começou a demolir um país que dava certo.

Nota 10 com louvor para a direção do Colégio Padre Eustáquio, que desde o início deu todo apoio para que o encontro fosse um sucesso.

Palestrantes e professores do Colégio Padre Eustáquio - Foto: Paula Bicalho
Palestrantes e professores do
Colégio Padre Eustáquio – Foto: Paula Bicalho

 

4 comentários em “Bossa Nova na escola”

  1. Márcia Cunha Lima

    Olá,
    Sou professora e estou tentando elaborar um projeto sobre Bossa Nova e gostaria de mais detalhes, pois vamos desfilar no 7 de setembro com o tema : A BOSSA NOVA NO BRASIL. Mas antes queremos trabalhar com os alunos.
    Abraços.
    Márcia Cunha

  2. Muito intreressante esse trabalho. Estou tentando desenvolver projeto parecido e gostaria de mais detalhes do seu projeto. Como você conseguiu os contatos?
    A escola na qual trabalho fica no Rio de Janeiro (ETE Juscelino Kubitschek).
    Um abraço, Julião Augusto

  3. Fiquei muito feliz por saber que estão fazendo um trabalho tão bonito na área da educação. A articulação com a cultura e a história do nosso país é fundamental para o entendimento de quem somos.
    Estamos fazendo um trabalho parecido em nossa escola. Daremos ênfase na leitura de músicas reconhecidas do gênero Bossa Nova. Precisamos de ajuda e muitas sugestões.
    Um abraço, Taisa

  4. Nilton Paiva Pinto

    Jorge, acabei de ler o texto que você publicou no seu blog sobre o evento de ontem. Penso que ele merece uma publicação, o que você acha?

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