Jorge Fernando dos Santos

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De olho no dinheiro alheio

Tudo começou em 1942, quando Getúlio Vargas criou o Senai

O presidente da Embratur nomeado por Lula, Marcelo Freixo, está de olho em 5% do orçamento do Sesc e do Senac para custear a divulgação da imagem do Brasil lá fora. Mas e o país aqui dentro, como fica? Pelo visto, o nobre deputado federal do PT fluminense desconhece a importância dessas entidades nas áreas de educação, cultura, esporte, lazer e formação profissional.

Para quem não sabe, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem no Comércio (Senac) fazem parte do chamado Sistema S. Este teve início em 1942, quando o então ditador Getúlio Vargas fundou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com o objetivo de acelerar o desenvolvimento da indústria no país.

Também integram o Sistema o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e Serviço Social de Transporte (Sest). O Sistema S independe do governo, pois é mantido por contribuições do setor empresarial, no total de quase R$ 30 bi ao ano. Tanto dinheiro faz Freixo suspeitar de uma caixa preta a ser aberta em favor do governo.

Ideia de muriçoca

O orçamento do Sesc para este ano é de R$ 9,43 bi, enquanto o do Senac chega a R$ 1,05 bi. Freixo espera arrancar pelo menos R$ 524 milhões para o caixa da Embratur. Alega que sem isso não teria como cumprir as metas da estatal. Para tanto, mobilizou o líder do governo no Congresso Nacional, deputado federal José Guimarães (PT-CE) – o mesmo que teve um assessor preso com dólares na cueca, no auge do Mensalão.

O pior da história é que não apenas partidos governistas, mas também alguns ligados ao Centrão do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), são simpáticos à proposta. Na prática, a coisa consiste em pegar dinheiro alheio para financiar ações de governo. A ideia de muriçoca não é nova. Desde a Constituinte de 1988 que políticos de diferentes matizes ideológicos crescem o olho nos recursos movimentados pelo Sistema S em todo o país.

Aprovado na Câmara em 27 de abril, o famigerado projeto tramita no Senado, que deverá analisá-lo sob forte pressão do Sistema S e da opinião pública. Se virar lei, colocará em xeque atividades do Sesc e do Senac em mais de 100 cidades, desempregando pessoas e prejudicando não apenas os setores de educação e cultura, como também a distribuição de 2,6 milhões de toneladas de alimentos por meio de programas sociais, como o internacionalmente premiado Mesa Brasil Sesc.

O pior, no entanto, é que a nova lei abriria as comportas, sendo o primeiro passo para que o governo federal se aproprie de recursos do setor empresarial para viabilizar seus projetos. Isso representaria uma forte intervenção do Estado, colocando em risco o funcionamento de todo o Sistema S.

6 comentários em “De olho no dinheiro alheio”

  1. Tudo estava previsto, tudo estava claro. Vão assaltando tudo que podem. Estes valores são pagos pelos contribuintes de varias formas. Nos mesmos aqui no condominio, sobre o salarios dos funcionarios, pagamos alem do INSS, tambem parcelas do SESC e SENAI entre outros impostos.

  2. Márcia Procópio

    Absurdo! Cuidado hein, Jorge, qualquer dia te levam preso por escrever e mostrar a verdade! Parabéns para quem fez L e contribuiu para a destruição do Brasil

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