Jorge Fernando dos Santos

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Nova cortina de fumaça

Burrice sem tamanho: separatistas propõem “muro da vergonha” dividindo o país ao meio

Cada vez tenho menos interesse em falar de política. Isso porque nada que eu disser mudará a realidade dos fatos ou a opinião alheia. Enquanto o debate do tema continua reduzido à mediocridade de militantes fanáticos, o Brasil segue dividido e os problemas nacionais se multiplicam a cada dia.

As discussões políticas quase sempre descambam para agressões verbais, que incluem a troca de adjetivos há muito desgastados. Quase ninguém fala daquilo que de fato interessa. Na área econômica, por exemplo, parece óbvio que um país cuja taxa de juros é a maior do mundo sempre terá dificuldades para se desenvolver.

Com a manutenção da Selic em 13,75%, o Brasil se mantém em primeiro lugar no ranking dos juros. Descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses, chegamos a 7,54%. Enquanto isso, o México ocupa o segundo lugar mundial, com a taxa de juro real em 5,94%. Tudo isso segundo o site Moneyou. Ou seja, somos o paraíso dos banqueiros.

Se levarmos em conta a burocracia do Estado brasileiro, os impostos cobrados e outras dificuldades geralmente enfrentadas pelo setor empresarial, qualquer um que tenha dinheiro sobrando dificilmente abrirá algum tipo de negócio no país.

Isso talvez explique a quantidade de lojas que vêm fechando as portas, assim como a queda no número de indústrias. Afinal de contas, é melhor investir em papéis do que na produção propriamente dita. O único setor que se mantém estável no Brasil é o agronegócio, mesmo assim porque os grandes produtores se beneficiam com crédito especial.

Separatismo tacanho

Um dos temas que mais escapam aos desinformados diz respeito à Amazônia. Como tem alertado o ex-ministro Aldo Rebelo, a maior floresta tropical do mundo guarda grandes reservas minerais em terras indígenas. No entanto, quem manda lá são as ONGs internacionais, os narcotraficantes e os contrabandistas. Nenhum governo consegue controlar um território tão grande como aquele.

Em vez de enfrentar a questão com visão nacionalista, nossas autoridades se curvam às pressões de países que sempre cobiçaram a Amazônia. Isso sem receber ou cobrar nada em troca. O resultado dessa política é que índios e caboclos padecem na miséria e na dependência do Estado ineficiente.

Esta semana, uma fala mal interpretada do governador Romeu Zema reacendeu o fogo do separatismo entre aqueles que odeiam nortistas e nordestinos. No entanto, defensores da secessão à brasileira deveriam saber que o país começou no Nordeste e foi aquele povo que ajudou a construir São Paulo e Brasília. Para a glória de governos estrangeiros, o discurso separatista tenta materializar a divisão ideológica da qual padecemos há vários anos.

Fato é que o fogo aceso (ainda que sem querer) pelo governador de Minas produziu uma nova cortina de fumaça, atrás da qual continuarão escondidas as grandes questões nacionais raramente discutidas pela mídia. Se as riquezas que descansam em subsolo amazonense pudessem ser legalmente exploradas, o Norte e o Nordeste certamente dariam as cartas na economia mundial.

9 comentários em “Nova cortina de fumaça”

  1. Alexandre Heringer Lisboa

    Tem razão. Cada um
    interpreta sua visão do mundo de acordo com o que é mais confortável. É tudo invenção dessa imprensa comunista, manipuladora esquerdista.
    Zema nunca perdoou a dívida dos bilionários – tipo Mattar – que financiaram sua campanha, sempre soube quem era Adelia Prado, nunca quis vender a maior reserva de nióbio do mundo para chineses e nem mesmo o lítio, nunca mandou asfaltar a estrada que passa em sua fazenda, nunca comprou uma mansão em Lagoa Santa, enquanto sempre lavou pratos na sua casa. Nunca tirou verbas da cultura.
    Também nunca descriminou os nordestinos e nortistas em 2 ocasiões, sendo sempre mal interpretado nas 2 vezes e -como dizem os bandidos pegos em flagrante- foi tirado de contexto.Esses esquerdistas sempre inventaram coisas contra Bolsonaro e Zema!
    SQN. Essa extrema direita é a vanguarda do atraso cultural, civilizatório e politico. Unica Geni deles é a imprensa e a esquerda. Afff…

  2. tô longe, não escutei nem li o que zema falou, mas acreditar no que dizem os jornais, com jornalistas incompetentes ou pagos pra o serem, não me parece ser o caminho mais adequado pra mostrar a atualidade brasileira.

  3. Merivakdo Ferreira Damaceba

    Li a fala do governador Zema – a propósito da reforma tributária – e nela não vislumbrei qualquer pretensão separatista. Pretender q a discussão se faça observando o critério da proporcionalidade nas representações no Congresso Nacional, é postular o óbvio; é abraçar a amplitude da democracia e rechaçar o discurso vitimizante que conduz a política e economia dos estados do morte/nordeste há mais de dois séculos.

  4. Muito bacana o artigo, JFS. Discordo apenas em um detalhe: o governador não foi o responsável por acender o fogo, muito menos pela cortina de fumaça consequente. Issisto nisso. O que houve (pode conferir as manchetes dos ditos “grandes” jornais) foi uma maliciosa manipulação desse ex-jornalismo tupiniquim, gerando essa onda idiota do tal “separatismo”. E a explicação para isso está escancarada: o Zema é potencial candidato à Presidência da República. Cristalino como fonte de água limpa.

  5. Geraldo Nogueira

    Zema não acendeu esse fogo da xenofobia. Sua fala foi de defesa de Estados mais ao Centro e Sul quanto à sua contínua perda de poder político.
    Esse papo de que Zema é contra o Nordeste ou que tenha assim se expressado não é verdadeira, assim como é fakenews a manchete divulgada pelo Estadão (corrigiu a falha) e replicada por jornalistas e políticos mal intencionados.

  6. Augusto Carlos Duarte

    Há que se ter bastante cuidado para com os desejos separatistas, sejam eles explícitos, camuflados, ou meramente “sonhados”. “Separatismo”, assim como outros temas delicados – ou “aloprados -, por vezes são gatilhos para defesas de interesses pessoais, e não regionais.
    No caso do governador Romeu Zema, ele é mais sagaz do que imagina “nossa vã filosofia”.
    Ele sabe do peso das regiões Norte e Nordeste, para definir os des(a)tinos do país.
    Existe um ditado que adverte sobre “fazer caridade com o chapéu do outro”.
    E fazer certos “agrados” por vezes têm conotação mais de garantia de votos do que especificamente visão desenvolvimentista.
    Zema não reivindicou nada diferente do que governadores (entre os quais um carioca, assaz polêmico) reivindicaram maiores percentuais para seus estados, quando da exploração do pré-sal.
    Não houve tanta polêmica, na ocasião.
    Zema, a meu ver, preocupou-se com algo que os nordestinos também deveriam se preocupar: o coronelismo “do bem”, com o chapéu alheio.
    Ou seja: defendeu uma “liberdade, ainda que tardia”.
    O lema está na bandeira do Estado governado por ele. E que sempre amou o Nordeste. E foi governado por alguns nordestinos, ao longo de sua História.

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