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Um país no escuro

Segundo o ministro Rui Costa, da Casa Civil, o Brasil tem energia de sobra em suas usinas

Como todo mundo sabe, um apagão atingiu todas as regiões do país na manhã dessa terça-feira (15/8). Pior que o blecaute foi a falta de explicações por parte do governo federal. A primeira a se manifestar foi a primeira-dama Janja da Silva, que fala muito sem saber de nada. Segundo ela postou nas redes sociais, o incidente ocorreu devido à recente privatização da Eletrobrás.

Também os ministros não souberam até agora esclarecer os fatos. Ontem, enquanto o titular da pasta da Justiça, Flavio Dino, pedia para que a Polícia Federal investigasse o caso, seu colega da Casa Civil, Rui Costa, classificava a ocorrência como “erro técnico”, garantindo que o Brasil tem energia de sobra em suas usinas.

Já Alexandre Silveira, das Minas e Energias, monopolizou uma entrevista coletiva sem conseguir chegar a nenhuma conclusão. Como salientou o Estadão em seu editorial, em vez de permitir a atitude oportunista de seus ministros (todos eles políticos afeitos ao palanque), o governo deveria deixar os técnicos do setor energético se manifestarem a respeito do assunto.

A dor do momento

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, a rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) interrompeu 16 mil megawatts (MW) de carga, o que resultou na perda de 25,9% de energia durante dez minutos. Como acontece todos os dias, às 8h30 de terça-feira o país registrava 73.484,7 MW. No minuto seguinte, houve a queda de 7% e o consequente blecaute. Até às 8h40, o sistema registrou carga insuficiente de apenas 54,383,7 MW.

Embora a dor do momento pareça pior, devemos nos lembrar que os apagões têm sido recorrentes no território nacional, principalmente quando a produção industrial ameaça crescer. Foi assim nos governos Sarney, FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, muito antes de se iniciar a privatização da Eletrobrás.

Na verdade, a principal causa dos blecautes tem sido a fata de investimentos federais no setor energético. A retomada do tão sonhado crescimento econômico só será possível quando o país melhorar sua infraestrutura, incluindo-se aí a produção e distribuição de energia. Sem isso, continuaremos estacionados no atraso, sempre sujeitos a ficar no escuro.

5 comentários em “Um país no escuro”

  1. Wander Conceição

    Como sempre meu amigo, , muito feliz em suas colocações, opinião lúcida, texto ponderado, justo, sem distorção da realidade. Parabéns Jorge!

  2. CASSIO TISO DE MELO

    Privativar a Eletrobas só vai trazer benefícios ao sistema, pois é sabido que a gestão do governo é pífia.
    Pode até baratear o custo ao consumidor. Mas o governo atual necessita de pontos pra saquear.
    Apagão e uma série de causas que devem ser analisadas com clareza e transparência.

  3. Augusto Carlos Duarte

    Análise perfeita.
    Apagões sempre ocorreram. Mesmo – e em número preocupante – antes da privatização.
    Por que então associar ambos os fatos? E sem comentar a saída do então presidente da empresa, na véspera do apagão?
    A resposta virá.
    Por enquanto apenas acho “curiosa” a nada surpreendente ânsia crônica pela centralização do poder.
    Implica-se com o presidente do Banco Central e… seria fantasioso imaginar o já ameaçado em campanha: a reestatização das empresas privatizadas?
    Imagine só se eu ousaria pensar que uma promessa de campanha, feita pelo “homem de alma mais honesta”, não seria construída?
    É claro que ele é um homem de palavra!
    Ao Estado, tudo; à iniciativa privada, o acatar cego, surdo e mudo. Seletivamente, é claro.

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