Jorge Fernando dos Santos

Em busca de mim mesmo

Visitando sites de busca para verificar novas referências ao meu trabalho sou surpreendido por uma verdadeira enxurrada de sites de MP3, nos quais a editora Paulus inscreveu as faixas do CD que acompanha o livro “ABC da MPB”. Pra começar, sinto-me o rei da cocada preta ao ver que meu nome está catologado logo depois do histórico álbum de John Mclaughlin and Al Di Meola and Paco de Lucia, um dos mais importantes registros de violão do século passado. Comprei esse disco em Madri e realmente estar numa lista junto com esses caras é de arrepiar o ego de qualquer compositor.

Outra surpresa é ler os comentários que alguns internautas registram sobre o nosso disco nos tais sites de MP3 (digo “nosso” porque só ficou bom graças ao talento e ao trabalho dos parceiros Dea Trancoso, Kristoff Silva, Tabajara Belo, Lígia Jacques, Henrique Santana, Chico Lobo e Eduardo Pinto Coelho – os quatro últimos em particiações especialíssimas. Também quero aplausos pro técnico de gravação Dedé, um dos melhores de BH).

Curioso é que a rapaziada não sabe direito do que se trata e assim tratam-me como se fosse uma banda e não propriamente um compositor. Outros acham que Jorge Fernando dos Santos é o intérprete, o que muito me honra já que os cantores do CD não devem nada aos melhores da canção nacional. Os comentários são registrados em inglês, o que mostra que aqueles que estão baixando as faixas são de países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra. Também há comentários em espanhol, não sei se da Argentina ou de algum outro país vizinho do Brasil.

De qualquer maneira, devo reconhecer que o MP3 pode até dar prejuízo às grandes gravadoras, mas é uma mão na roda para nós, artistas independentes – que justamente por isso dependem da boa vontade e da curiosidade do público, que parece cansado da mesmice da mídia. Toma lá, dá cá, volto a dizer que no espaço virtual da rede de computadores todo mundo é igual. Basta ver a quantidade de referências ao meu nome e à minha obra no Google e no Cadê – pobre de mim, cuja modéstia é o grande defeito (há, há, há). Mas, se cheguei até aqui, muito devo aos meus editores e – sobretudo – aos parceiros musicais, cuja lista já passa dos 20.

Por falar em parceiros, vale registrar que o Tino Gomes acabou de lançar o CD “Catopezeira Brasilis”, no qual consta uma parceria que fizemos em homenagem ao André Abujamra a pedido do próprio Tino. A canção em questão chama-se “Questão de Fé” e o texto de apresentação do disco é de minha própria lavra. Outro parceirinho 100% que acabo de descolar é o talentosíssimo violeiro Rodrigo Delage, que lança brevemente um CD em homenagem ao centenário do gênio Guimarães Rosa, em parceria com Geraldo Vianna e João Araújo, do grupo Viola Urbana. A única faixa inédita é de nossa autoria e se chama “Mandala do Sertão”. Com Delage já compus “Mágoa de Rio” e “Três Margens”, ambas no CD “Água de uma Saudade”, que também tem a ver com o universo rosiano. O novo disco terá participações especiais, como Teo Azevedo, Paulo Freire e Rolando Boldrin.

Voltando às surpresa da internet, foi no Cadê que tive acesso à relação de livros que integram o catálogo da Feira de Livros de Bolonha, na Itália, deste ano. Lá está o “Cordel das Lendas Bovinas”, que lancei em 2007 pela editora Paulinas com belas ilustrações da Graça Lima – uma das maiorais do traço em se tratando de livros infanto-juvenis. Fiquei muito feliz e gostaria de dizer que foi a terceira vez que entrei no prestigioso evento das letras internacionais. Em 2007 entrei no catálogo com “Pó de Palavra”, livro de hai cais também publicado pela Paulinas, com ilustrações de Luiz Maia e um CD com fundo musical de Kristoff Silva no qual falo os 48 hai cais. Em 2006 cheguei lá com o “ABC da MPB”, da Paulus, com lindo projeto gráfico e ilustrações da carioquíssima Andréia Resende, álém do CD que abriu a conversa de hoje.

Agora devo parar de teclar, pois Morfeu já reclama minha ausência no mundo dos sonhos… Até a próxima!

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