Jorge Fernando dos Santos

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Rede de pesca

Realmente, é impressionante como a internet se parece com uma rede de pesca. Lançamos a isca no mar e, quando menos esperamos, olha o peixe preso ou fisgado. Recentemente tive uma grata surpresa ao receber e-mail do jornalista português Alan Romero, que apresenta programa de rádio em Lisboa sobre a música brasileira. Ele queria conhecer minhas músicas, particularmente a letra que fiz para o maxixe “Satan”, de Chiquinha Gonzaga.

Curioso é que essa música foi gravada por Lígia Jacques no meu CD de 50 anos, com apenas 200 cópias distribuídas gratuitamente para os amigos. Pois não é que minha parceria com a divina maestrina ganhou o mundo! Na semana passa, outro e-mail me surpreendeu: Wrander Braga, responsável pelo site www.chiquinhagonzaga.com (aliás, um belo sítio sobre a compositora, que merece ser visitado) também queria conhecer a parceria. Mandei a faixa em MP3 e ele disse que adorou. Informou ainda que vai disponibilizá-la no site tão logo finalize sua reforma e atualização.

Hoje fiquei mais feliz ainda, ao receber mensagem do parceiro Chico Lobo. O grande violeiro está cumprindo turnê por terras portuguesas, em companhia de sua produtora e reprodutora Angela Lopes. Disse que o disco que fizemos em parceria, “Chico Lobo e Convidados – Palmeira Seca”, que reúne a trilha sonora da minissérie adaptada do meu romance, está bombando em terras lusitanas. A música título, regravada por ele em disco e DVD ao vivo, em São João Del-Rey, está tocando numa rádio de Cabo Verde.

Por falar em “Palmeira Seca”, o livro está novamente adotado nos exames de Supletivo do Ensino Médio. Com isso, cresceram também as adoções em colégios. Semana passada estive em Juiz de Fora, onde a obra foi adotada na oitava série do Colégio Jesuíta. Também visitei outras escolas, falando de outros livros para várias turmas, e foi muito produtivo. Interessante é que “Palmeira Seca” está completando 20 anos e não pára de bombar. Deu-me o Prêmio Guimarães Rosa, foi adaptado para teatro e minissérie da Rede Minas (mérito do cineasta Breno Milagres) e continua agradando a leitores de todas as idades. Confesso ter escrito esse livro sem nenhuma pretensão e até mesmo com certo receio. Foi minha primeira tentativa de fazer uma narrativa mais densa, dirigida a leitores adultos. A sétima edição não tarda a sair pela Atual Editora, com distribuição pela Saraiva.

Para os estudantes que não cansam de pedir resumos desse e de outros livros no site Vestibulando Web, tenho o seguinte recado: ler um resumo sem ler o livro é o mesmo que ouvir o filme sem assisti-lo. Acho um crime que algumas pessoas se metam a escrever resumos de livros. Levei oito anos para escrever o romance “Sumidouro das Almas” e acho perigoso alguém tentar resumi-lo. Uma coisa é fazer crítica e resenha literárias, outra é engalobar os estudantes com a picaretagem dos resumos. Já pensou que sacanagem seria tentar resumir um livro de Guimarães Rosa ou Machado de Assis? Livro é como a vida, não dá para ser resumido. Ou vivemos por inteiro ou não vivemos. Caso contrário, depois de formados, os estudantes de hoje correram o risco de se tornar profissionais resumidos. Talvez comece aí o segredo da péssima formação de alguns que ganham diploma sem entender patavina da profissão que escolheram. Vai ver que é por isso que muita gente não passa nos exames da OAB, enquanto outros transformam o sagrado exercício da medicina em carnificina. Como disse o Ziraldo, ler é mais importante que estudar. Essa frase reforça a máxima de Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”.

 

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