Um evento literário de qualidade voltado para crianças e jovens, mas sem excluir o público adulto. Eis o Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas Gerais, de 1º a 11 de setembro na Serraria Souza Pinto.
Estarão presentes autores como Affonso Romano de Sant’Anna, Bartolomeu Campos de Queirós, Ferreira Gullar, Luis Fernando Verissimo, Marina Colasanti, Miquéias Paz, Peter O’Sagae, Vera Maria Tietzmann da Silva, Ziraldo e outros convidados.
Além de mesas-redondas, palestras e oficinas literárias, a programação inclui teatro, filmes, leituras, contação de histórias e sessões de autógrafos. Também estão programadas exposições em homenagem a Fernando Sabino e Marcelo Xavier, e mais um Encontro de Bibliotecários da rede municipal de ensino.
Os dois momentos mais significativos, no entanto, deverão ser o lançamento do Circuito Literário Mineiro, dia 7, e a apresentação do Coletivo 21, dia 9. O circuito tem o objetivo de levar eventos literários ao interior do estado e abrange até agora Divinópolis, Pouso Alegre e Norte de Minas (Montes Claros, Pirapora, Janaúba e Bocaiúva).
Já o Coletivo 21 foi idealizado pelo jornalista e escritor Adriano Macedo e reúne 23 dos mais expressivos autores residentes na capital. Seu objetivo é funcionar como fórum de ideias e plataforma de promoção da literatura produzida pelos seus integrantes.
Todo mundo sabe – ou pelo menos imagina – as dificuldades enfrentadas pelos autores nacionais, que disputam mercado com best-sellers e livros de auto-ajuda. Basta conferir as listas dos mais vendidos no país, geralmente dominadas por obras de autores estrangeiros, nem sempre de qualidade.
A coisa se torna ainda mais difícil para aqueles que residem fora do eixo Rio-São Paulo. Além de não contarem com grandes editoras em suas respectivas regiões, quase nunca têm espaço em veículos de circulação nacional. Se a literatura brasileira perde espaço na mídia, nos jornais regionais a coisa piora principalmente para os autores locais. Em tempos de globalização, o que não é global nem sempre é considerado notícia pelos jornais.
Belo Horizonte, por exemplo, vive a “síndrome do tapete vermelho”. Produtores culturais geralmente preferem apresentar autores e artistas de fora, supondo que terão plateia garantida – o que não deixa de ser verdade. Enquanto isso, os escritores da terra raramente têm espaço para falar de seus livros, ideias e projetos. Em alguns casos, os produtores convidam todos, remuneram os de fora e sequer dão gorjeta aos autores locais.
Mudança de perfil
Quem escreve tem fama de individualista e solitário, o que só prejudica numa era dominada por cooperativas e grandes corporações. Agindo coletivamente e agenciando seus próprios projetos, os escritores terão maiores chances de chamar atenção para a qualidade do seu trabalho. A quase ausente figura do agente literário no país poderá pouco a pouco ser compensada pela ação coletiva de grupos que também possam influir politicamente.
Foi o que ocorreu no recente anúncio da não-realização do Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte. Os 23 integrantes do Coletivo 21 redigiram uma “carta aberta” à presidenta da Fundação Municipal de Cultura, Thaïs Pimentel, manifestando sua insatisfação contra a decisão. Em poucos dias, o documento recebeu a adesão de quase 250 pessoas. Com isso, criou-se a possibilidade de que o concurso volte a ser realizado em 2012, mas com mudanças que lhe garantam mais visibilidade e repercussão.
Além de Adriano Macedo e do autor deste artigo, o Coletivo 21 é formado por André Rubião, Antônio Barreto, Branca Maria de Paula, Caio Junqueira Maciel, Carlos Herculano Lopes, Cláudio Martins, Cristina Agostinho, Dagmar Braga, Duílio Gomes, Francisco Morais Mendes, Jaime Prado Gouvêa, Jeter Neves, Léo Cunha, Luís Giffoni, Malluh Praxedes, Neusa Sorrenti, Olavo Romano, Ronald Claver, Ronaldo Guimarães, Ronaldo Simões Coelho e Sérgio Fantini.
A maioria desses autores coleciona importantes premiações e tem livros publicados em várias edições, alguns até no exterior. Na noite do dia 9, sexta-feira, eles estarão autografando a antologia intitulada “Coletivo 21”, publicada pela Autêntica Editora, com prefácio de Vivina de Assis Vianna e orelha assinada por Luiz Ruffato. São 33 textos em diferentes gêneros e estilos que atestam o talento do grupo e sua disposição para o trabalho.
-O Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas Gerais é uma realização da Câmara Mineira do Livro e AHPCE Gestão Cultural, com produção da Plataforma Produção Cultural e curadoria de Maria Antonieta Antunes Cunha.
De 1º a 11/9 na Serraria Souza Pinto, Belo Horizonte, com entrada franca
Dias úteis: das 9h às 21h
Dia 7, sábado e domingo: das 10h às 21h
Dia 11: das 10h às 20h
Confira programação no site www.salaodolivro.com.br
* Artigo reproduzido nos sites Dom Total, Jornalistas de Minas, Minaslivre e Observatório da Imprensa.