Jorge Fernando dos Santos

O Tibete que poucos conhecem

Vídeo nas redes sociais mostra o Dalai Lama beijando um menino

Tem causado polêmica nas redes sociais um vídeo no qual o Dalai Lama manda um menino chupar sua língua. As imagens foram gravadas em 28 de fevereiro, num subúrbio de Dharamsala, cidade indiana onde fica o templo habitado pelo líder tibetano, que se exilou em 1959.

No vídeo em questão, o religioso de 87 anos dá um “selinho” no garoto que foi abraçá-lo e depois mostra-lhe a língua, um gesto comum entre os tibetanos ao se cumprimentarem. É nesse momento que ele sugere o beijo de língua – que não chegou a acontecer. O menino se afasta e ele o abraça novamente, dizendo para que se inspire no exemplo de “bons seres humanos que criam paz e felicidade”.

Depois da reação do público diante das imagens, representantes do líder religioso disseram que ele sente muito pela mágoa que possa ter causado ao menino e a sua família. “Sua santidade com frequência provoca as pessoas pela maneira inocente e jocosa. Ele pede desculpas pelo incidente”, acrescentaram.

Escravos sexuais

Inocente ou não, segundo o Guia politicamente incorreto da História do Mundo, de Leandro Narloch, o Tibete nunca foi um paraíso de homens santos. Antes da invasão chinesa, ocorrida em 1950, sete entre dez cidadãos tibetanos eram servos presos à propriedade bem nos moldes da Rússia tzarista. Quem tentasse fugir, ganhava castigos que iam de chicotadas à amputação de membros.

O pior, no entanto, é que muitos garotos serviam como escravos sexuais dos monges que governavam o país e faziam a Justiça e as leis locais. O celibato proibia relações com mulheres e não com pessoas do sexo masculino. Famílias aristocráticas e lamas encarnados eram donos de três quartos das terras cultiváveis, enquanto a população se dividia em nove castas fechadas.

Nos mosteiros, os servos faziam o serviço braçal. O resultado disso é que meninos eram arrancados de suas famílias para executar trabalhos insalubres em lugares distantes. Aquele que fugisse, costumava ser castigado pelo pai e devolvido ao templo. À frente desse sistema estava o futuro ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Tenzin Gyatso, mais conhecido como Dalai Lama (título que mistura a palavra oceano na língua mongol e o termo tibetano Lama, ou sábio).

No livro A luta pelo Tibete moderno, Tashi Tasering narra sua vida como um drombo, escravo sexual de um monge influente. Ele conta que era comum no país que homens poderosos mantivessem jovens rapazes como amantes. Os mais requisitados eram atores que interpretavam papéis femininos na ópera tibetana ou integrantes de equipes de dançarinos, como o próprio Tasering. Segundo ele, ser amante de um monge naquele tempo era motivo de orgulho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

13 comentários em “O Tibete que poucos conhecem”

  1. Branca Maria de Paula

    Jorge, é mesmo chocante, embora a cena tenha sido didádica. Não tivesse acontecido, nada dessa lama teria vindo à tona. Gostei do seu texto de perfil histórico. Abraços.

  2. Escandaloso, para dizer o mínimo. Como citado pelo Jorge Fernando dos Santos, o livro “Guia politicamente incorreto da História do Mundo” escancara a hipocrisia desses considerados “santos” e reverenciados no mundo todo.
    Parabéns, Jorge pela coragem e competência ao destacar esse fato.

    1. Jose Roberto de Alvarenga

      Ótimo artigo sobre as entranhas e visceras dos mitos que abusam dos crédulos. Uma aula de história que vem na hora certa !

  3. Nossa!! Que podridão!! Em um meio onde se prega a paz, o ser humano sempre encontrando um meio de saciar suas torpes fantasias !! Às custas dos mais fracos e indefesos, como sempre!

  4. Será que “rolou um clima”?
    Os seres humanos não são deuses, nunca foram. Os mitos são obra da fragilidade humana.

    Seu texto aponta razões históricas (entranhadas nas experiência familiares) que poderão explicar a emergência desse fato protagonizado por um homem de 87 anos, sem que aos olhos de hoje isso seja justificável.

    A criança rechaçou a investida, portanto o rei ficou nu. Se um dia foi visto como natural, hoje não mais.

    1. Decimo Lucio de Lucas

      Jorge a minha pequenez não me permite entender essas aberrações. Podem me chamar de homofóbico, mas não aceito essas situações, ainda por Dalai-lama. Que Deus me perdoe.

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