Jorge Fernando dos Santos

Desigualdade biológica

Admissão de nadador trans na categoria feminina gera polêmica nos EUA (Foto: Matthew Henry)

Como diz o ditado, cada qual com seu cada qual. Mesmo correndo o risco de ser cancelado ou execrado publicamente, ninguém em sã consciência poderia assistir com indiferença à vitória de uma candidata transgênero num concurso de Miss Universo.

Foi o que ocorreu esta semana, na Holanda, quando Rikkie Valerie, de 22 anos, venceu o referido certame, devendo representar o país na grande final programada para dezembro, em El Salvador. Ainda que admitamos alguém de cromossomo XY concorrendo em pé de igualdade num evento feminino, basta olhar as imagens para ver que o resultado não foi nada justo.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, atletas femininas são obrigadas a competir com rapazes. Aquelas que reagem à novidade correm sérios riscos. Foi o caso da estudante e nadadora Paula Scanlan, que criticou a National Collegiate Athletic Association (NCAA) por autorizar homens que se identificam como mulheres a participar de competições femininas.

Tudo começou no ano passado, quando o estudante William Thomas se declarou mulher e passou a competir em esportes femininos com o nome de Lia Thomas. Na época em que disputava com homens, ele ocupou a 500ª posição da Liga de Natação dos universitários americanos. Ao mudar para a categoria feminina, venceu a Primeira Divisão na Universidade da Pensilvânia, a mesma de Paula.

Cultura woke

Ao procurar a direção da universidade para falar no assunto, Paula Scanlan começou a enfrentar dificuldades. Execrada por vários colegas e censurada pela instituição, ela foi acusada de transfobia e convidada a ingressar num serviço de reeducação sobre ideologia de gênero.

Depois da conversa, a direção emitiu um e-mail ameaçando os alunos: “Se alguém falar contra a participação de Lia, você vai se arrepender (…) Para nós, é inegociável que Lia participe de competições femininas. Aqueles que se sentem desconfortáveis com a situação, entrem em contato conosco para realizarem cursos de reeducação”.

Vale lembrar que, nos primeiros anos da revolução cubana liderada por Fidel Castro, jovens trans e homossexuais eram enviados à Isla de la Juventud para serem “reeducados” do ponto de vista político e sexual. Naquela época, os regimes de esquerda consideravam a homossexualidade um  “vício burguês”. Algo inverso ocorre agora nos EUA e tende a se alastrar por outros países.

No Brasil, a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel tem sido criticada por não aceitar a presença de atletas trans na categoria feminina. O tema em pauta é polêmico, mas deveria ser discutido. Até porque, em nome do politicamente correto, as mulheres tendem a perder espaços conquistados a duras penas. Depois da luta contra o machismo, as feministas deveriam pôr as barbas de molho diante da chamada “cultura woke”.

Mesmo que se declare homem, uma mulher dificilmente terá condições físicas de concorrer em pé de igualdade numa competição masculina. Num campeonato transgênero de MMA realizado na Polônia, por exemplo, todas as competidoras foram derrotadas. Afinal, homens e mulheres são biologicamente diferentes e negar isso é tão absurdo quanto acreditar no terraplanismo.

14 comentários em “Desigualdade biológica”

  1. Wander Conceição

    Sempre muito lúcido Jorge! Difícil até projetar onde esse novos caminhos irão desembocar! Parabéns pelo artigo meu amigo!

    1. Decimo Lucio de Lucas

      Jorge texto impactante. Minha pouca inteligência não consegue entender esse negócio de trans. Para mim desde que o mundo é mundo vc. Nasce homem ou mulher. Terceiro gênero não existe .se quiserem trocar de sexo que o façam mas não queiram entrar em competições distintas para homens e mulheres. Lutem pela sua identidade assumida e não transferida. Parabéns Jorge por mais este texto.

  2. Nossa!! Muito bem colocado Jorge!! É uma questão delicada, que deve ser analisada! Talvez, como foi dito, o mais justo seria competições por categorias! Biologicamente somos o que somos!!

  3. Carlos Alberto de Oliveira e Silva

    Estão partindo para a teoria do tudo junto e misturado. Se existe a categoria do futebol masculino, e do futebol feminino, por que não o do futebol, da natação ou de outras categorias esportivas como a trans?

  4. Já que existe a categoria de gênero transexual, nada mais justo que exista também uma categoria de esporte dedicado a este gênero. Simples assim, sem discussão, opiniões e desejos de quem quer que seja e de qualquer gênero sexual

    Salve Jorge! e sua visão sobre a “problemática”. Encaremos esta “solucionática”

  5. Admitir isso é o mesmo que declarar vitória ao Trans, antes mesmo da competição acontecer. Homens e mulheres, biologicamente, jamais serão iguais.

    Deveriam então criar uma competição somente com a categoria Trans, assim como para os deficientes, fazendo justiça a categoria.

    1. Cristina Vieira de Souza

      Apesar de defender a identidade feminina do participante, por identificação, acredito que uma categoria específica deveria ser criada para eles nas competições esportivas ou que envolvam força física.

    2. Linda e polêmica matéria
      Mas biologia é biologia. Até agora só existe ginecologista e andrologista.
      Psicologia e auto percepção é outro assunto. Na minha opinião.

  6. Nossa que difícil né? No momento atual tá realmente difícil opinar mas vamos lá. Eu acho que deveria ter campeonatos pras categorias trans. Pronto. Falei.

    1. Quem questiona é “convidado” a participar de um serviço de reeducação sobre ideologia de gênero? É isso mesmo? Putz! Isso é fascismo, nazismo. Para onde o Ocidente está caminhando, meu Deus?!

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