Discutir política no atual contexto está cada vez mais difícil. Ou o Brasil enlouqueceu nos últimos tempos ou éramos todos malucos e ninguém se dava conta. Na pauta do momento, não importa se Elon Musk age por interesse próprio ou em nome da liberdade. O fato é que estamos de fato sob censura. Não apenas a censura do STF, mas principalmente a das patrulhas ideológicas que não admitem o contraditório.
Dizia o Millôr Fernandes que o livre pensar é só pensar. O problema atual é que muita gente não admite pensamentos contrários às suas convicções. Nesse sentido, as redes sociais prestam um desserviço à sociedade. Estamos cada vez mais isolados, perdendo a capacidade de argumentar e debater ideias. Afinal de contas, tendo os teclados como trincheira, qualquer ativista ou influencer se sente o dono da verdade.
A meu ver, tudo começou com aquela do “nós contra eles” inventada pelo eterno militante Lula da Silva. Depois vieram os bolsominions, que deram a ele a pecha de comunista, coisa que o atual presidente nunca foi. Pelo contrário, Lula já elogiou Médici e confessou admiração por Hitler e Khomeini – que nada tinham de comunistas, muito antes pelo contrário, embora matassem com a mesma eficiência de Stalin e Mao Tse Tung.
Bolsonaro e seus seguidores nunca se deram bem com o vernáculo, haja vista a dificuldade de se expressar do ex-presidente. Mito, por exemplo, quer dizer mentira e não “grande líder”, como supõem na sua santa ignorância. Veio daí a palavra mitologia, que se refere ao amontado de deuses pagãos, tão imaginários quanto a divindade católica em nome da qual o frade espanhol Torquemada assava hereges nas fogueiras da Inquisição.
Cala boca já morreu
Por falar em Torquemada, sua figura tem sido associada à do ministro todo poderoso do STF, Alexandre de Moraes, que insiste em condenar manifestantes políticos como terroristas. Refiro-me aos “patriotários” de 8 de janeiro, que nem deveriam ser julgados na Terceira Instância, uma vez que não têm imunidade nem representatividade política. O correto seria responsabilizá-los como baderneiros, como aqueles da CUT e do MST que também invadiram o Congresso em outros tempos -e nunca foram punidos.
Mas o problema, volto a dizer, é que ficou impossível discutir política ou ideias divergentes num país polarizado, dividido pelas paixões ideológicas. A coisa virou uma espécie de Flaflu, no qual uma torcida precisa da outra para dar brilho ao espetáculo. Afinal, sem torcedor não há time que sobreviva no confronto das arenas. E enquanto a turba se digladia no circo romano, o poder econômico come por igual o fígado de todos.
A polêmica entre Musk e Moraes seria facilmente encerrada se fosse cumprido o artigo 220 do 2º parágrafo da Constituição brasileira: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Parece que todo mundo se esqueceu disso, inclusive o próprio STF, que seria o guardião da Carta Magna. E não vale confundir fake news com liberdade de opinião, hein!
Mas o pior de tudo é ver artistas e jornalistas apoiando restrições à livre expressão do pensamento. Isso lembra a cena final do filme de Luis Buñuel O fantasma da liberdade, na qual um bando de avestruzes no zoológico grita “abaixo a liberdade… abaixo a liberdade”. A toda essa gente vale lembrar uma fala da ministra Carmen Lúcia, durante a sessão do STF em que se liberou a publicação de biografias não-autorizadas no país: “Cala boca já morreu”.
A última agressão que recebi de uma hipócrita “feminista” (ex acusadora ferrenha do Lula) foi: “…seu bolsonarista e machista!”
A meu crime foi: reclamar do silêncio de “feministas” petistas sobre o caso do filho do Lula e também pela abstenção do representante do governo lulista (na ONU) na votação sobre a violência contra mulheres no Irã.
E, para engrandecer minha punição, a agressão terminou com: “… você deve ter inveja do Lula…”
A hipocrisia da “feminista” culminou nesse surto de delírio psicótico.
Elas vivem em surto psicótico. Freud adoraria estudá-las.
Não há mais debates de alto nível político ou filosofico . Nos “Dialogos de Platão ” temos a maravilhosa dialética e maieutica socrática que davam à luz , ideias brilhantes que nos iluminaram ao longo da história.
Hoje em dia é só ” lacraçao”
Como dizia Humberto Eco , ” a Internet deu voz aos idiotas “
Assim como Itabira, para Drummond, era (reduziu-se a) um retrato na parede – e como doía -, a Constituição de 1988, infelizmente, é um livro “velho”, num sebo empoeirado. Banquete de (quem a) traça.
Ou uma Bíblia, nunca lida, e aberta no Salmo 90, a título de proteção.
Crendice, ou superstição, anos-luz da crença na liberdade de opinião.
E outrora quem cantou “Calice” parece achar a bebida saborosíssima. Um “Moido pelo.Xandão”, se permitido é aludir a famoso champagne.
Há quem brinde.
Excelente reflexão.
Em tempos com tantas aberrações no cenário político-social do nosso país, ler uma reflexão como essa, clara, sem viés e com base em leis e fatos, me traz um alívio e satisfação de que ainda vale a pena ler. Parabéns Jorge como sempre cirúrgico em seus comentários.
Estamos perdidos e sabemos.
Estamos apenas olhando e sabemos.
Somos tolerantes e sabemos..