Carlos Herculano Lopes, escritor natural de Coluna, toma posse nesta sexta-feira (28/6) na Academia Mineira de Letras (AML). Ele vai se sentar na cadeira de número 37, ocupada até novembro do ano passado por nosso saudoso amigo Olavo Romano, que certamente aprovaria a escolha.
Carlinhos formou-se em Jornalismo um ano antes de mim, na antiga Fafi (hoje UNE-BH). Ele já tinha publicado O sol nas paredes, livro que vendia à noite pelos bares da cidade. Com garra e talento, venceu os prêmios Cidade de Belo Horizonte, Guimarães Rosa, Lei Sarney e Bienal Nestlé. Entre suas publicações, destacam-se os romances A Dança dos cabelos, Sombras de julho e O vestido – esses dois adaptados para o cinema.
Nossos caminhos se cruzaram várias vezes, antes de nos tornamos amigos. Entre 1978 e 79, quando José Afrânio Moreira Duarte encaminhava meus poemas para o suplemento literário O Destaque, do antigo Jornal de Minas, era ele quem secretariava o editor, Emílio Grimbald. Não o conheci nessa época, mas, tempos depois, seríamos colegas de redação no Estado de Minas.
Irmãos de armas
Antes de trabalhar no caderno de cultura, Carlinhos atuou na editoria de pesquisa, comandada por Carlos Felipe, e no caderno Fim de Semana, com Paulo César de Oliveira. Após um tempo de dedicação exclusiva à literatura, retornou ao jornal, assumindo a página de livros que eu editei durante alguns anos e escrevendo reportagens e crônicas, algumas delas reunidas em coletâneas.
Participamos da 5ª Bienal Nestlé, na qual nossa colega Cristina Agostinho me confidenciou que Oswaldo França Júnior havia lhe recomendado prestar atenção nele e em mim, como jovens promessas da literatura mineira. De outra vez fomos juntos a Teófilo Otoni, para conversar com estudantes de Letras a convite de uma professora. Foi uma viagem inesquecível, que nos aproximou de vez. Também integramos antologias e o Coletivo 21 de escritores.
Lembro-me de um evento no Palácio da Liberdade, quando o ministro da Cultura Aluísio Pimenta me apresentou a alguém como sendo um grande talento da nova safra de autores locais. Na hora de dizer o meu nome, o ilustre professor me chamou de Carlos Herculano. “Carlinhos é meu irmão”, corrigi de pronto. Aquela não foi a única vez que nos confundiram.
Realmente, tenho nele um irmão de armas. Trabalhamos lado a lado como jornalistas e dividimos nossos sonhos e projetos literários. Sempre o admirei pelo caráter e pelo talento. Vê-lo adentrar os quadros da AML é ter a certeza de que o tempo passou depressa e que nossa geração deixou a sua marca. Parabenizo o novo acadêmico na certeza do seu merecimento.
Ao acadêmico Carlos Herculano Lopes, imortal desde que a lida o faz lido, um abraço e parabéns!
Muitíssimo merecido.
SONETO PARA CHL
Minas Gerais terá sempre orgulho
de seus filhos que nunca foram nulos,
ama os que têm o coração aos pulos,
sol nas paredes e sombras de julho.
Minas, por certo, há de reconhecê-los:
pois d’alma das mulheres, uma a uma,
sabem esses que vêm lá de Coluna
para narrar a dança dos cabelos.
Minas preserva esse filho querido:
ele, entre tantos, é o que mais distingue,
desde menino, com seu estilingue.
Ele reconta o caso do vestido
e o recria e não só repete,
merece a poltrona 37.
quem salta da cadeira nº 27 de um ônibus pra cadeira nº 30 de uma academia de letras, merece parabéns!
saudade docês, caraças!
Carlos Herculano Lopes, grande escritor e romancista, ingressando na Academia Mineira de Letras, merecidamente. Parabéns! Torna-se eternizado com sua obra.
Jorge, parabéns pelo relato de uma amizade tão valiosa. Também eu tive a sorte e o prazer de conviver com o Carlos Herculano na redação do Estado de Minas. Ele merece a cadeira e as honras da AML.
Abraço pra vocês.
E parabéns ao Carlos
Temos grandes nomes em nossa literatura, Carlos Herculano e você, certamente estão entre eles. Parabéns!
Trabalhamos juntos por muito tempo.
Parabéns ao C Lopes.
Bela reportagem – relato sobre um admirável amizade! Parabéns, colega!
Jorge Fernando, o título do livro de Carlos Herculano é O SAL NAS PAREDES e nāo o Sol. Lembro-me de ter feito uma longa entrevista com ele para o JORNAL DE CASA, ao ensejo de seu lançamento em um distante 1981 ou 82.
O nome correto é O SOL NAS PAREDES. Acabei de conferir meu exemplar.
Muito bom! muito bem ! Parabéns ao Carlos Herculano! Ele pulou da cadeira 27 pra 30!
Viva!
Parabéns❣️Ô Glória ❣️🙌🌺🙏
Parabéns ao novo imortal. Sempre bom ver quem realmente faz literatura – e boa! – ter assento numa academia.