Quase três décadas depois de me iniciar no ofício da palavra, como escritor e jornalista profissional em Belo Horizonte, percebo que as dificuldades são as mesmas para os autores que residem em nossa cidade. Dispomos de poucas editoras voltadas para o mercado nacional. Temos uma bienal de livros que não remunera o autor local pela sua participação e perdemos com isso o Salão do Livro, que promovia e remunerava indiscriminadamente todos os convidados.
Não bastasse isso, os poucos eventos voltados para a literatura em nossa cidade dão muito mais destaque aos autores de fora, que figuram na mídia. É a tal “síndrome do tapete vermelho”, sobre a qual já escrevi, inspirado numa frase do sempre lúcido Bartolomeu Campos de Queirós. Nossas faculdades raramente estudam a obra de autores vivos, que dirá se for mineiro! Para piorar o quadro, nossos jornais dão pouco espaço aos livros e têm dificultosa circulação fora dos limites da Serra do Curral.
Mesmo com tais entraves, não posso e não devo reclamar em causa própria. Se coloco o dedo na ferida, falo mais em nome dos novos do que dos antigos autores – entre esses os da minha geração. Lembro que quando comecei nesse ramo de atividade muitos escritores já consagrados eram pouco mais velhos ou tinham a idade que tenho hoje. Basta lembrar que o grande romancista Oswaldo França Júnior, do qual tive a sorte de ser amigo, morreu ainda jovem, aos 53 anos.
A boa notícia é que, apesar da falta de estímulos oficiais, tenho conseguido algumas vitórias. Em 2010 tenho nada menos que seis lançamentos e duas republicações programados no Brasil, além de uma tradução na Itália. Com mais de 300 mil exemplares vendidos dos muitos livros que publiquei (só “O Rei da Rua” esgotou mais de 20 edições), pela primeira vez haverá uma tese sobre um deles, escrita pela jovem Eleonora Casani, estudante de Letras em Roma. Trata-se de “Palmeira Seca”, romance ganhador do Prêmio Guimarães Rosa em 1989, adaptado para teatro e minissérie de TV. Quem me indicou o caminho das pedras foi o fratelo Carlos Herculano Lopes, companheiro de fé e ofício desde os primeiros tempos.
Depois de me desligar da assessoria de comunicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, em fevereiro, venho me dedicando quase que exclusivamente à literatura. Falando nisso, na quinta-feira, dia 27, participo da abertura da 2ª Mostra de Arte dos Jornalistas Mineiros, na Casa dos Jornalistas (na sede do sindicato), autografando a coletânea de contos “Caminhante Noturno”, publicada pelo selo Terceira Margem, da Editora Multifoco. São narrativas produzidas espaçadamente, com o objetivo de me exercitar no texto de ficção até chegar ao gênero romance.
Pela Prumo, de São Paulo, acabo de publicar o infantil “Feira de Aves”, inaugurando a coleção “Natureza Viva”. A série inclui outros três volumes poéticos, todos de minha autoria: “Passeio no Zoo”, “Lindo Jardim” e “Vida no Mar”, belissimamente ilustrados por Cláudio Martins, meu antigo parceiro em outros projetos.
Ainda este ano, publico pela Paulus “As Cores no Mundo de Lúcia”, com maravilhoso projeto gráfico e ilustrações de Denise Nascimento. Pela Saraiva, também de São Paulo, relanço as novelas “Reportagem Mortal” (em 4ª edição) e “Sumidouro das Almas” (numa 2ª edição revista, pelo selo Atual). Enquanto isso, faço palestras em escolas e acompanho a cantora Lígia Jacques nos shows de lançamento do CD “Choro Cantado”, que tive o prazer de produzir com recursos do Fundo Municipal de Cultura. A próxima apresentação será no espaço da Travessa, antiga livraria da Savassi, na noite de 17 de junho, uma quinta-feira – em clima de Copa do Mundo.
Em novembro, marco presença na 56ª Feira de Livros de Porto Alegre, divulgando “Alice no País na Natureza”, novela inspirada no clássico de Lewis Carrol e publicada pela Paulus, com ilustrações de Ayssa. A outra novidade é que acabo de me tornar verbete no “Dicionário biobibliográfico de escritores mineiros”, organizado pela professora Constância Lima Duarte e publicado pela Autêntica Editora. Quem leu esse artigo até aqui pode ter certeza de que todas essas conquistas resultam de muito trabalho, alguma sorte e total dedicação ao ofício que escolhi para toda a vida.
Jorge, meu chapa
Polemista de coragem, amigo de têmpera e escritor sensível.
Seus personagens são gente simples, como a que há por essas trilhas… São minérios nobres e cascalhos dessas Minas.
Como me esquecer do velho Durval…, de Dona Francisca? Como me esquecer do avô, carinhoso com um neto inquieto, como as águas do velho Chico, rio mãenstrual desse país? Como me esquecer de Faustino e Carmem, duas pedras brutas desse sertão violento do Norte mineiro.
Essa sua literatura são os andaimes, os arames de que você mesmo é feito, meu camarada.
Fogo, forja e inquietude: Jorge Fernando dos Santos, um escritor do Brasil brasileiro.
Parabéns pelas conquistas. Todas merecidas. Você e seus exércitos…
Abraço apertado.
Daniel
Caríssimo Jorge,
Recebi ontem sua generosa mensagem sobre o meu incipiente blog, mas só hoje pude dar uma passeada pelo seu sítio e, claro, pelo seu blog, ambos em fase muito mais avançada do que a minha brincadeira de principiante na rede eletrônica. Mas seu trabalho publicado no blog ou no sítio não é coisa para ser desfrutada de uma vez, pela extensão e profundidade. Voltarei com mais vagar, para ler, pelo menos, os temas de maior interesse para mim. Parabéns pelo trabalho sério e criativo que você realiza.
Um grande abraço, Nilseu
Jorge, parceirinho querido! Me orgulho de ser sua amiga antes de tudo, sua parceira na estrada da música e mais que isso, sua admiradora, sempre!
Fico muito, muito feliz com suas conquistas, mais que merecidas! E espero poder partilhar das muitas que ainda vêm por aí, com toda certeza. Obrigada pela forçona, sempre! E sucesso, sempre!
Abração,
Lígia (e Rogerio Leonel, aqui ao meu lado, endossando)
Grande Jorge!
É isto aí, meu caro! Sei muito bem o que significa cada uma destas conquistas e valorizo cada uma delas.
Parabéns! Este mérito é todo seu e vc vai buscar cada tijolo desta bela construção.
Um beijo grande do amigo Jairo.
Parabéns. As coisas estão a mil, hein?!? Fico feliz. Lucineia.
Oi, Jorge, gostei das novidades!
Acho que este é o seu ano, de verdade. Deus conserve, uai. abs, Branca
Muito me orgulho de seu sucesso. Sei como é difícil a vida de escritor em geral, e em Minas mais ainda. Torço por você e estou feliz com seu progresso. Parabéns e conte comigo.
Zoi
Jorge:
Fico feliz por você. Discordo, entretanto, do final. Suas conquistas resultam principalmente do seu talento, tenho certeza. Abraço,
Cristina
Gostei de saber das boas novas! Acompanho você desde a década de 80 e sei o quanto tem batalhado pela cultura em Minas. Merecido! Abraços,
Eliza