Por muito tempo resisti à ideia de publicar um livro de memórias. Cheguei a pensar que seria pretensioso se o fizesse. Diferentemente das celebridades de plantão, incluindo aquelas que hoje pululam nas redes sociais, vivi uma vida modesta. Nada de heroico ou extraordinário que pudesse interessar aos outros.
Nunca lutei numa guerra ou fui a um safári na África. Não sobrevivi a naufrágios nem à queda de aviões. Tampouco frequentei os corredores do poder ou exerci cargos públicos. Não fiz o caminho de Santiago nem escalei o Everest. Sequer aprendi a nadar ou a saltar de paraquedas. O máximo que realizei foi criar uma filha, plantar algumas árvores e publicar livros. Coisas normais, que qualquer pessoa poderia fazer.
Contudo, com o passar dos anos, compreendi que escrever memórias pode ser uma boa maneira de não esquecermos o que somos e o que vivemos. De certa forma, significa estar em busca de nós mesmos, passando a limpo os prós e contras da caminhada.
Em 2008, a convite da Conceito Editorial, publiquei o livro Caiçara na coleção BH. A cidade de cada um. Ao escrever sobre o bairro onde morei por quase meio século, foi inevitável relembrar episódios da minha infância e juventude como se estivesse em busca do tempo vivido.
Em 2023, a leitura de Tempo guardado, de Hildebrando Pontes Neto, publicado pela Editora Ramalhete, estimulou-me a colocar no papel outras lembranças. O impulso decisivo viria no ano seguinte, ao constatar que minha estreia literária se dera há exatamente 40 anos, quando lancei a coletânea Teatro Mineiro – Entrevistas & críticas.
Travessia no tempo reúne episódios que marcaram a minha vida, sobretudo nas atividades de escritor e jornalista. Revisito a infância, a mocidade e pessoas admiráveis que me serviram de exemplo – a começar pelos meus pais. Embora eu tenha feito muitas viagens, poupo o leitor desse tipo de relato. Penso que o mais importante é a viagem interior e cronológica, que fazemos ao longo da vida.
As recordações, no entanto, podem ser traiçoeiras. Nem sempre aquilo que lembramos corresponde exatamente à verdade dos fatos. Como disse Pedro Nava, numa entrevista publicada no Estadão em 15 de fevereiro de 1981, “quando vamos pescar uma coisa nesse oceano sem fundo que é a memória, o anzol já vai molhado do presente”. Apesar disso, assim como ele, acredito que vale a pena o esforço e o prazer da pescaria.
* Texto de abertura do meu próximo livro, Travessia no tempo, em fase de finalização pela editora Literíssima, da minha amiga Leida Reis, com arte de Élen Márcia de Souza e revisão de Bárbara Luíza. Lançamento previsto para outubro deste ano. Aguardem!
Ansiosa para conhecer o seu livro, espelho do que experimentou, viveu, curtiu, etc.(pra resumir).
A introdução já seduz o leitor.
Imagine o que fará a leitura do livro todo no coração de quem o admira e sabe a extensão de sua obra…
Parabéns! Muitos abraços.
Que ótima notícia, meu amigo! Ansioso para o seu lançamento!
Parabéns pelo livro a ser lançado. Eu também, em 2011 publiquei um livro, quase uma autobiografia intitulado No tempo dos Capuchinhos.
Boa tarde Jorge! Que bacana! Desejo sucesso sempre! Grande abraço
Ansiosa para as próximas etapas, é um orgulho fazer parte da edição desta obra! Parabéns, Jorge!
No aguardo! Sucesso!
Acredito que será um livro surpreendente e gostoso de ler. Aguardo!
Jorge, querido parceirinho! Aguardamos ansiosos por mais essa preciosidade! Abração meu e do Roger!
Daqui da cidade do Rio de Janeiro, aguardo ansiosa pela publicação de mais um livro do Jorge Fernando dos Santos que tanto contribui para o jornalismo, literatura e pesquisas não só de Minas, onde tem os pés fincados e paixão, mas do Brasil.
Parabéns!
“Nada de heroico ou extraordinário que pudesse interessar aos outros….” Ah, a modéstia dos sábios. Caro Jorge Fernando, a gente se encontra no seu texto…ou encontra quem gostaríamos de ter sido. Estou na fila. Grande abraço e sucesso.
Com certeza teremos mais uma ótima obra!
Na expectativa,amigo.Sucesso
Será emocionante!
Que ótimo!!!!! Parabéns!!!
Aguardo ansiosamente!!!!!
Ficamos na espera. Deve vir coisa boa por aí!
Hergé, autor de “As aventuras de Tintim”, as escreveu, nem nunca as tê-las vivido, ou mesmo saído muito de casa. Proust, que alguns amam e outros não (hehehehe), idem.
Você viveu aventuras. Se não tantas exteriores, certamente múltiplas, interiores.
Boa nova.
Espero que Deus conceda-me a Graça de ler o que vem (de bom) por aí, tintim por tintim (hehehehehe). E que o tempo passado (nunca perdido) se reencontre nas páginas vindourad de memórias!
Aguardemos.
Vamos esperar, sempre vem coisa boa!!!