Uma história sem pé nem cabeça. Assim pode ser definido o longa-metragem Guerra Civil, alardeado pela mídia e festejado por uma parcela dos espectadores brasileiros. Com direção e roteiro do americano Alex Garland, o filme atraiu a atenção do público nacional provavelmente devido à presença de Wagner Moura no elenco. No entanto, para um cinéfilo exigente, o resultado é, no mínimo, decepcionante.
Garland narra a improvável aventura de uma equipe de jornalistas incumbida de cobrir uma guerra civil nos Estado Unidos, num futuro distópico não muito distante. A ideia do filme certamente foi alavancada pela tentativa de invasão do Capitólio por eleitores do republicano Donald Trump, ocorrida em 6 de janeiro de 2021.
O que poderia ser um alerta sobre os resultados negativos da polarização política exacerbada acabou resultando numa narrativa de ação e suspense, pura e simplesmente comercial, sem maiores qualidades estéticas. O que se vê na tela são cenas gratuitas de violência e vandalismo sem lógica ou explicação. É quase impossível saber quem está combatendo quem no meio de tantos tiroteios e explosões.
Uma nova Secessão
Wagner Moura interpreta o jornalista Joel e se sai muito bem no papel. Não tanto quanto na pele do inesquecível Capitão Nascimento, de Tropa de Elite 1 e 2, ou como o diplomata Sérgio Vieira de Mello, no filme Sergio. A seu lado está a experiente Kirsten Dunst, interpretando Lee Smith, uma veterana na cobertura de guerras. O problema é que a química entre eles não rola. São personagens frios e rasos, que sequer carregam traumas relacionados ao trabalho ou à vida pessoal pregressa.
Em dado momento, a dupla se junta a outros dois colegas: uma jovem “foca” (jornalista iniciante) interpretada por Cailee Spaeny e um velho repórter de um jornal concorrente, vivido pelo expressivo Stephen Henderson. Os quatro embarcam numa viagem de carro de Nova York a Washington, onde pretendem entrevistar o presidente que está sendo atacado por forças rebeldes. Curioso é que nenhum deles parece se importar com quem é quem na tal guerra civil que devasta o país.
Pelo visto, Texas e Califórnia tentaram se separar da União e isso teria aberto a “caixa de Pandora”, repetindo o caos da Guerra de Secessão ocorrida entre 1861 e 1865. No entanto, a narrativa é confusa e há momentos em que a viagem dos jornalistas mais parece um piquenique no front, sem preocupações éticas ou mesmo ideológicas diante da carnificina. Por essas e outras, Guerra civil tende a ser, até agora, o pior filme de todos os tempos sobre correspondentes de guerra.
Terei que ver… que fazer esse sacrifício…
O que me faz não ver mais filmes com brasileiros “engajados” é a falta de engajamento por excessiva panfletagem. Ficou ridículo, patético, a panfletagem disfarçada de cinema, música, artes visuais etc.
Lixo…..ainda mais com o ator tupiniquim
obrigado, menos um filme a ver.
Parabéns, Jorge Fernando, pela excelente crítica! Como crítica que sou de teatro, de cinema e de literatura, concordo plenamente com você. Abraço.
Obrigado, Jorge! Você me livrou de cair na esparrela desse filme. Fez por mim o sacrifício de constatar que até o bom ator Waner Moura aceita estrelar filmes ruins. A grana falou mais alto?
Eu amei o filme! Fui convidada pra pré-estreia, fiquei muito impactada e fui ver de novo. Pra mim a intenção é essa mesmo, mostrar a confusão. É todo mundo contra todo mundo.
Pra mim as atuações são brilhantes e é uma realidade possível. Talvez aconteça em alguns países que não são tão “midiáticos”. E me senti muito representada como jornalista acompanhando os dilemas deles. Até agora o melhor filme do ano pra mim.