Jorge Fernando dos Santos

Antes que seja tarde

Não precisa ser um cientista ou ambientalista pra sentir na pele os efeitos do aquecimento global. As altas temperaturas do verão são uma das provas incontestáveis das mudanças climáticas que vêm ocorrendo de maneira acelerada em todo o planeta. O mesmo pode-se dizer dos temporais, enchentes, tisunamis, furacões, nevascas e secas prolongadas que afetam vários países nos cinco continentes.

Mas o pior ainda está por vir. Afinal, alguns especialistas afirmam que o atual quadro é o resultado das agressões praticadas pelo homem contra a natureza há mais de um século. Aquilo que plantamos hoje será colhido pelas futuras gerações. E, a julgar pela poluição dos dias atuais, fica difícil acreditar que a humanidade possa sobreviver até o próximo século.

No entanto, o mais incrível nisso tudo é o imobilismo da maioria dos governos da Terra. Basta lembrar que os Estados Unidos se recusaram a assinar o Tratado de Kioto, cujo objetivo era justamente criar um pacto global para reduzir a emissão de gases na atmosfera.

Enquanto isso, no Brasil, continuam queimando e desmatando a Floresta Amazônica sob as barbas de governos estaduais e federal. Por mais que a propaganda e o discurso oficial tentem negar, o fato é que os fazendeiros e as madeireiras nunca interromperam ou sequer diminuíram a ação predatória na região. Pelo contrário, devastam cada vez mais a floresta sob a alegação de que as pessoas precisam trabalhar. 

O cúmulo do cinismo, no entanto, é que governos de países que compram a madeira contrabandeada do Brasil sempre se dizem interessados na preservação da floresta e alguns chegam a defender a internacionalização da região como única possibilidade de preservá-la. Devíamos pegar carona nessa ideia e propor a criação de um fundo internacional de preservação ambiental, o que daria ao Brasil recursos para implementar frentes de trabalho em defesa da floresta.

Polêmicas à parte, o que falta é vontade política e vergonha na cara. Se todo mundo tivesse consciência e um pouco de boa vontade, seria possível contribuir – e muito – para reverter o quadro. Se cada pessoa plantasse uma árvore ou se conscientizasse de que é preciso diminuir ao máximo a produção de lixo, a humanidade certamente ganharia pelo menos meio século de sobrevida. No entanto, o que se vê por aí são pessoas desprovidas de qualquer preocupação com a natureza. A maioria se mostra incapaz de cultivar até mesmo uma jardineira, que dirá cuidar de árvores.

As empresas, por sua vez, poderiam começar substituindo os copos plásticos descartáveis pelos de vidro reproveitáveis ou adotar o tradicional bebedouro que dispensa o uso de copo. Prefeituras do mundo inteiro também podem contribuir para salvar o planeta e o futuro dos cidadãos. Por que não implementam campanhas educativas, sistemas de coleta seletiva de lixo e de reaproveitamento da água da chuva?

Não precisa ir longe pra notar a irresponsabilidade dos governos. Toda cidade de médio e grande porte deveria construir reservatórios para a água da chuva, que geralmente provoca inundações e depois é quase toda desperdiçada. No entanto, ainda existem aqueles que defendem a transposição do Rio São Francisco como única solução para a seca do Nordeste.

O mais incrível nisso tudo é que a mídia e os governos perdem um tempo danado discutindo a crise econômica, buscando soluções para salvar bancos e grandes empresas, como se fosse esta a crise que realmente nos ameaça a todos. No Brasil, por exemplo, ainda medem o portencial da economia pela venda de automóveis e investem muito pouco em transportes coletivos.

A crise internacional nos oferece uma excelente oportunidade para reavaliarmos os caminhos e descaminhos do capitalismo globalizado. É preciso eliminar métodos atrasados de exploração dos recursos naturais, instituindo uma filosofia inovadora que vise lucros duradouros sem prejudicar a maioria.

Todo mundo sabe dos malefícios causados ao meio ambiente pela indústria petrolífera e, apesar disso, vários governos reagiram há pouco mais de um ano quando o Brasil apontou os biocombustíveis como alternativa viável. Ao que tudo indica, os grandes capitalistas querem mesmo explorar o planeta até a sua exaustão, deixando como herança para seus próprios descendentes um mundo inabitável.

    

2 comentários em “Antes que seja tarde”

  1. Oi Jorge, adorei seu blog, caso não ligue o nome a pessoa, sou divulgadora, antes da Paulus, agorasó Deus sabe, saudades de você e de nossas andanças no ABC Paulista, bjs, saudades.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima