A notícia chegou pelo Zapp nesta quinta-feira (16/11), em mensagem da nossa amiga Márcia Francisco: “Morreu Olavo Romano”. Como assim?, falei comigo mesmo. Pessoas como ele não morrem. Como escreveu Guimarães Rosa, elas ficam encantadas. Ainda mais o Olavo, com sua gargalhada monumental e a vocação natural para fazer amigos.
Conheço gente que economiza sorrisos. Por arrogância, mau-humor ou timidez, são pessoas que riem no conta- gotas ou a prestação. Poucos sabem de fato gargalhar plenamente, de corpo e alma, da boca ao pulmão. Olavo sabia. Se tivesse ministrado um curso de gargalhadas, certamente teria enriquecido. Ainda agora, escuto a sua risada ecoando nos labirintos da memória tão cansada de perdas.
Mas é a vida, digo a mim mesmo. No final das contas, só restaremos na lembrança daqueles que amamos e aos quais legamos nossas ideias. Em alguns casos, seremos lembrados não apenas pelos amigos, mas também por inimigos. Não será o caso do Olavo. Duvido que ele tenha tido algum inimigo. Quem ria daquela forma certamente não guardava mágoas nem despertou rancores.
A gargalhada do Olavo era estupenda. Trovoada de alegria nesses tempos estranhos, de pouco siso ou rara sabedoria. Como eu disse, tem aqueles que economizam sorrisos ou riem pelos cantos da boca. Ele não. Olavo ria por inteiro, da boca aos sapatos, e sem afrouxar os suspensórios. Se algum dia sua alma se manifestar numa sessão espírita, a manifestação só será autêntica se o médium soltar uma boa gargalhada no início dos trabalhos.
Intimidade natural
Sempre que morre alguém do meio artístico, tipo músico ou escritor, surgem aqueles que querem parecer íntimos do morto. No caso do Olavo, isso é totalmente compreensível e perdoável, pois o seu jeito de tratar todo mundo causava em todos nós uma sensação natural de intimidade.
Estive com ele em várias ocasiões. Em feiras literárias, lançamentos de livros, reuniões na Academia Mineira de Letras. Em 2010, levei-o para participar da 1ª Literata, em Sete Lagoas, da qual fui curador. Fizemos parte do Coletivo 21, e nos encontramos mais de uma vez no projeto Livro de graça na praça e no quadro Prosa Arrumada, do programa Arrumação do nosso amigo Saulo Laranjeira.
Nunca vi o Olavo de cara fechada, calado, recolhido no seu canto. Sempre o admirei pelo caráter, pelo talento, pela alegria contagiante. Parodiando Manoel Bandeira, imaginemos o nosso amigo entrando no céu… Ao ser recepcionado por São Pedro, o bonachão, o recém-chegado Olavo Romano soltará uma gargalhada daquelas, bem trovejada, capaz de derreter as nuvens e acordar o menino Deus.
Um dia estava na Savassi e ouvi uma gargalhada. Dei uma olhada em volta a procura do Olavo, ele estava na esquina da Rio Grande do Norte com com a Getúlio Vargas. Atravessei a avenida para lhe dar um abraço.
Você foi na essência, Jorge!
Mais uma notícia triste. Vai dar sua gargalhada em outro planos.
Marcou a sua presença no mundo jornalístico e literário. Um grande amigo.
Excelente homenagem ao grande amigo e um ser humano exemplar.
Mais uma triste notícia de perdas.
Lamentável, mas como disse é a vida se segue com suas regras….
Bom amigo, e grande contador de causos. Uma perda irreparável.
A notícia é triste mas é a Vida que segue!! Que ele espalhe sua leveza e alegria, por onde estiver!!!!
Parabéns por esse texto/homenagem ao nosso querido Olavo. Ele vivia e transmitia tudo isso que você escreveu. A gargalhada era inconfundível. Conviver com ele foi um privilégio. Viva Olavo!
Depois de “Irene Ri”, composta pelo mano Caetano, “Olavo Ri”, ele que sempre fez-nos irmãos em Minas, aqui nascidos, ou aqui “inseridos” via seus “causos”.
Escreveu outro ilustre mineiro, que a gente não morre: fica encantado.
Muito justo, no caso de Olavo, que encantava-nos em vida.
Incansável que era, descanse em paz. Imortal (tendo presidido a AML), que os leitores, atuais e futuros, não o deixem no limbo.
“O homem passa, e a obra permanece” não tem sido uma máxima levada muito a sério.
Oremos e, tendo nossas preces atendidas, gargalhemos por último.
Belo texto. Grande perda!…
Como de praxe excelente texto. Só fiquei sabendo da passagem do Olavo Romano por vc. Muito obrigado. Com certeza ele foi alegremente recebido no outro lado da vida
Que lindo Jorge!
É assim mesmo…
Era assim mesmo…
Foi assim mesmo…
É Olavo.
Gargalhando sempre!❤️❤️❤️❤️💥💥💥💥
A alegria nos dá energia para a caminhada. Ele soube usá-la.
descreveu bem nosso amigo, que contrariou o provérbio casmurro do muito riso pouco siso.
Sendo assim, ele nunca será esquecido.
Isso Jorge, você disse o mais puro sobre Olavo. Imagina ele lá chegando, vai balançar os céus com tanta gargalhada. Última vez que o vi, naquela camaradagem toda, ele estava de carro, me deixou em casa, deu um beijo e me disse: escreve, escreve assim mesmo, como você está me contando. E gargalhou. 😂
Excelente texto, leve e gostoso, como uma boa risada. Bela homenagem! Parabéns!
Lindo!