A vida é a arte da perda, diz a letra de um samba meu gravado por Sônia Andrade. A frase me veio da constatação de que o tempo nos leva um pouco de tudo a cada dia, até o dia em que finalmente nos levará por inteiro – só Deus sabe para onde.
Até metade da vida, viver é sonhar, conquistar, colecionar. Da outra metade em diante, começamos a perder o que temos. Da minha parte já perdi avós, pais e tios. Perdi dinheiro, amigos e amores. Certezas e esperanças de um mundo melhor.
Restam lembranças da infância feliz, a casa cheia na mocidade, rodas de samba, copos brindando a boa sorte. Desse tempo já se foram duas Helenas, um Manoel, um Francisco, um Reinaldo, um Tiãozinho, personas gratas que enriqueciam os meus dias de festa.
Exercício do perdão
Mais que arte da perda, a vida é também o exercício do perdão. Perdão a nós mesmos e ao próximo mais próximo, pois o erro faz parte do gênero humano. Por isso devemos manter as rédeas bambas, as mãos abertas e o coração leve. De algum modo, cultivar a gratidão. Não bastasse perder pessoas amadas, também perdemos os cabelos, a maciez da pele, a vitalidade do corpo.
De repente, cada ruga no rosto estranho que me olha do espelho me conta uma história. Cada livro na estante representa um intervalo no filme da vida real. Cada disco guardado conserva um trecho da trilha sonora desse mesmo filme, que se desenrola todos os dias sem a garantia de um final feliz.
Viver é plantar e colher, é ler e reescrever aquilo que já sabemos. Mas, e a morte, o que será? Antônimo de vida? A outra face da moeda falsa? O eterno descanso das almas exaustas? Tão cedo não quero saber. Se os ateus estiverem certos, jamais saberei. Caso contrário, voltarei para contar aos sobreviventes.
Caro amigo Vecchio!!! Que lindo o texto. Só não compartilho a incerteza do “depois” sou convicta da imortalidade da alma…Grande abraço
Texto pungente sobre vida e morte.
Adorei! Uma bela reflexão! Parabéns!
Os textos de Jorge Fernando não devem ser sorvidos de um gole só. Por isso sempre espero um momento de menos correria para ler suas reflexões, como nesta manhã de domingo em que leio “o sentido da vida humana”. Parece que Jorge lê o que passa pela nossa alma e pelo nosso coração. Parabéns meu amigo, sempre!
a vida é a arte da perda, tás certo, amigão! mas também é um balaio de ganhos. quando mais não forem, serão aquilo que pudemos ser, uai!
Vivo este momento, mas não me deixo levar pela perda dos objetivos.
O texto……lindo..
Grande verdade meu amigo!
perdas e perdão. é isso aí
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valeu, companheiro
Ótimo texto!! Cheio de verdades!! O bom é que podemos através da arte, dos textos,deixar algo de bom e nosso para trás!
Genial! Você acertou na mosca. Também tenho semelhante percepção a respeito da minha existência aqui neste planeta. Abraço caloroso!
Parabéns e obrigado por compartilhar essa bela reflexão!!!
“Helena, Manuel e Reinaldo”, perdas irreparáveis!!!
Belo artigo, meu amigo!
Depois de certa idade ,essas reflexões passam a fazer parte de nosso cotidiano. Vamos combinar: se os ateus estiverem errados, quem for primeiro, volta para contar aos amigos.
Lindo texto!