Mais uma vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perde a oportunidade de ficar calado. Nesse domingo (16/4), nos Emirados Árabes, ao comentar a invasão da Ucrânia, declarou que nem o presidente Putin nem o presidente Zelensky tomam a iniciativa de paz e acrescentou que “a Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra”.
Como era de se esperar, a Casa Branca não demorou a reagir. Segunda-feira à tarde, o porta-voz de Segurança Nacional americano, Jonh Kirby, acusou Lula de estar “reproduzindo propaganda russa e chinesa” e acrescentou que seus comentários foram “simplesmente equivocados”. Para o governo Biden, a postura do presidente brasileiro é “profundamente problemática”.
Mais cedo, o porta-voz para Assuntos Externos da União Europeia, Peter Stano, havia dito que a Rússia é a única responsável pela violência no Leste Europeu. Claro que Putin foi e continua sendo o principal culpado da guerra, muito embora os riscos de Zelensky se aliar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) tenha sido a gota d’água para a invasão. Os russos não gostariam de ter mísseis apontados para Moscou de tão perto de casa.
Contudo, a questão tem agravantes que fogem ao simplismo das ideias, mesmo que bem-intencionadas. Russos e ucranianos são povos irmãos, sendo que a Ucrânia foi praticamente fundada por Lênin para ser um penduricalho da antiga União Soviética. Há que se lembrar que milhões morreram de fome no país durante a ditadura de Stalin, por ordem do próprio ditador.
Neutralidade histórica
Tradicionalmente, o Brasil sempre adotou a neutralidade diante de conflitos internacionais. Logo que a guerra começou, o então presidente Jair Bolsonaro foi duramente criticado por visitar Putin, cumprindo uma agenda pré-definida. Sua viagem foi interpretada como apoio à invasão da Ucrânia. No entanto, seu governo aderiu à decisão do Conselho de Segurança da ONU em condenar a Rússia.
Bolsonaro, convém recordar, perdeu tempo e muitos votos ao dizer bobagens sobre temas dos quais nada entendia. Foi o caso das declarações a respeito da Covid-19 e sua leniência diante da pandemia que ceifou a vida de mais de 700 mil brasileiros. Tal comportamento motivou uma CPI que, pelo menos até agora, não deu em nada, funcionando muito mais como palco para a oposição.
É preciso deixar de lado o relativismo. Declarações impensadas de um presidente sobre assuntos sérios podem prejudicar o país. Talvez enebriado pela recepção que os chineses lhe deram em Pequim, Lula cutucou americanos e europeus com vara curta.
Embaixadores alertam que esse tipo de atitude pode afastar o Brasil da comunidade internacional e prejudicar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Lula devia deixar o tema da guerra por conta do Itamaraty. Até porque sua opinião sobre um conflito tão distante de nós pouco acrescenta à realidade dos fatos.
Salve Jorge,
Disseste tudo que precisava dizer. Esperemos que Brasília te ouça
Ótimo artigo! Resume muito bem a questão.
A União Soviética invadiu a Finlândia e ficou com uma parte do território invadido. Invadiu a Polônia e também incorporou uma parte do território invadido . A Ucrânia tinha interesse de entrar para o ” Bloco europeu “. A questão da Otam foi um dos pretextos usados pelo Putin.
lula pisou feio na bola, e agora só resta ao itamaraty tapar o buraco aberto aberto pelo presidente. oxalá ainda o possa fazer a tempo, e tão importante quanto, fazer entender a lula que quem sabe, pensa o que diz, e quem não sabe, diz o que pensa.
Soma-se mais esta..pouco a pouco o castelo de areia vai se desmoronando.
Importante o seu texto, caro Jorge Fernando. Expressa a realidade que estamos “escutando”.
Mais um em sua série de artigos excelentes!
Foi um grande erro!!!
Perfeito!
Como dizia Millôr Fernandes, “ A diferença entre a galinha e o político é que o
político cacareja e não bota o ovo….”
O problema da declaração do presidente Molusco não é o maior, o problema é ter sido eleito quando deveria estar na cadeia.
Esse Millôr era único….
Eu não aguento nem escutar essa voz do Lula.