Jorge Fernando dos Santos

Viva o Bartolomeu!

Segunda-feira, 18 de maio, fui a Nova Lima a convite da professora Zoí Rossini, para conversar com alunos da Escola Técnica de Formação Gerencial do Sebrae-MG. Já estive lá diversas vezes, mas nenhuma se comparou a esta. Tive a oportunidade de dividir a cena com Bartolomeu Campos Queirós, um dos autores mais premiados do país, verdadeiro mestre das palavras.  

Para relizar o trabalho, que teve a família como tema central, os alunos leram e debateram os livros O olho de vidro do meu avô, escrito por Bartolomeu, e No clarão das águas, de minha autoria. Tivemos um encontro inesquecível, com a participação atenta das turmas e o apoio sempre caloroso da direção da escola.

Sempre que posso, não me furto a atender a esse tipo de chamado. Eventos desse tipo quebram a rotina das aulas, marcam a memória dos estudantes e desmistificam a figura do escritor, que se mostra presente, em carne e osso, ao falar de sua obra e de sua relação com as palavras.

Estar ao lado de Bartolomeu, para mim, foi mais uma vez motivo de honra e orgulho. Sempre admirei seus livros, sobretudo pela facilidade com que escreve e pela escolha dos temas abordados. Chegando em casa, tratei logo de reler Por parte de pai, e novamente me emocionei com a história do garoto e seu avô paterno, personagem real que escrevia histórias nas paredes de casa.

Durante nosso encontro em Nova Lima, Bartolomeu falou de sua infância, de sua relação com os avós, de sua maneira de escrever e confessou que hoje prefere ler e reler os grandes autores. Só escreve quando está bem certo da história que vai contar e se diz satisfeito com a publicação de sua obra também no exterior, embora reconheça que o Brasil é que realmente precisa de livros.

Ainda com problemas de saúde depois de um longo período de internação hospitalar, o escritor se ilumina quando fala de sua grande aventura com os livros. Ele afirma que hoje seu passa-tempo predileto é ficar observando os vários títulos que guarda na estante, imaginando a conversa entre autores e personagens no silêncio da noite.

Pelo nível de atenção e participação dos alunos, deduzo que a professora Zoí acertou na mosca ao promover o encontro. A garotada ficou embevecida, sobretudo diante da sensibilidade do Bartolomeu, que muito nos ensina com suas palavras e seus livros. Habitar o mesmo tempo que ele é para mim um privilégio, motivo de satisfação. Subir com ele no mesmo palco é alimentar a certeza de que valeu a pena ter me dedicado à literatura.

Afinal, Bartolomeu Campos Queirós é um autor reverenciado no Brasil e no exterior e sempre nos ensinou lições de vida com seus livros, sua prosa, sua lúcida visão de mundo. Brevemente ele toma posse na Academia Mineira de Letras, juntando-se a outros expoentes das letras que lá estão, entre eles meus amigos Olavo Romano, José Bento Teixeira de Salles, Angelo Oswaldo e Antenor Pimenta, o caçula da turma. Eleição merecida, que só tem a enobrecer a casa do escritor mineiro!

  

7 comentários em “Viva o Bartolomeu!”

  1. boa noite estou tentedo fazer um trabalho de literatura mas não sei se o narrador é um personagem de dentro ou de fora da historia e nem sei os protagonistas e secundarios.se vc puder me ajudar.

    att:luana

  2. Oi Jorge,
    Estudo na ETFG-SEBRAE de Nova Lima, sou da sala da Daniela(ali em cima). Infelizmente nao pude ir a aula no dia que o senhor Bartolomeu e o senhor foram a escola, fiquei muito chateada por ter perdido uma oportunidade tão grande como essa, pois, como aprendi a ler com tres ou quatro anos, tenho uma fascinaçao por livros, e seria ótimo pra mim participar de uma roda de escritores…
    Mas, no mesmo dia que o senhor foi a escola a minha colega me ligou e me falou toda entusiamada sobre a visita dos senhores lá, pude perceber que deixaram em muitas pessoas, como disse a Zoí, um despertar pelo gosto da arte.
    Obrigada pela visita, e desculpe por nao pode ter ido.

    Ana

  3. adorei ter sua visita na minha escola.
    e o texto que vc fez.
    todos gostaram.
    foi muito diferente ,nunca tinha participado de uma roda de escritores.
    foi muito legal

  4. Jorge, foi também uma grande alegria ter ido a Nova Lima junto com vc. A gente mora na mesma cidade, trabalhamos no mesmo ofício e nos encontramos tão pouco. Muito obrigado pelo texto generoso que vc fez sobre meu trabalho.É muito bom quando alguém registra sua opinião por meio de um texto tão bem elaborado. Sempre o amigo Bartolomeu

  5. Oi, Jorge

    Adorei o texto sobre seu encontro em Nova Lima oportunizado pela Professora Zoí.

    Deve ter sido muito poético. Vou ler a obra recomendada do Bartolomeu, pois o seu ótimo Clarão das Águas já conheço.

    Parabéns a todos.

    Daniel Macedo

  6. Jorge, adorei o texto e comungo plenamente com seus sentimentos, ficamos realmente enlevados, adoramos vocês e os alunos só elogiaram o resultado. Obrigada, mais uma vez por me ajudar a despertar o gosto pela arte, pela beleza e pela poesia.
    Zoi

  7. Oi, Jorge, realmente, viver no memso tempo, conviver e ou ficar ao lado de Bartolomeu é um grande presente para quem tem esta opotunidade. Tive a honra de trabalhar com ele no Palácio das Artes e, depis, de participar de vários encontros com ele. Já o levei a Arcos para falar para a
    estudantes e professores… foi uma de minhas contribuições e com aquela cidade de calcário. E para mim uma grande alegria, da mesma forma ter você como amigo e contemporâneo… rss. Um grande abraço e parabens pela sensibilidade e sinceridade.
    João Evangelista

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