Não sei exatamente há quanto tempo mantenho no ar o meu site e o presente blog, que faz parte dele. Há algum tempo, certamente. Aqui tenho o hábito de escrever o que me dá na telha. Publico artigos, contos, crônicas, poemas e até paródias musicais. Sempre convoco amigos, ex-colegas de trabalho e outros conhecidos para ler e opinar. Alguns não leem. Outros leem e não comentam. Uma minoria lê e comenta. Alguns concordam, outros discordam. Outros não fedem nem cheiram.
Acho que todo blog tem os visitantes que merece. É muito bom quando alguém se dá ao trabalho de replicar ou treplicar uma opinião do blogueiro. Meu objetivo principal é estimular a reflexão e o debate sobre temas do cotidiano que nos afetam direta ou indiretamente. Não sou o dono da verdade. Se o fosse, não diria. Aliás, se alguém souber o que é a verdade, que faça o favor de me explicar. Como escreveu o autor luso-brasileiro Cunha de Leiradella, meu grande amigo, “todo homem tem o direito de ter razão”. Nesse sentido, a verdade será sempre relativa.
Voltando ao blog, o problema é que muita gente se serve do mesmo para mandar abobrinhas, pedir favores, enviar os malditos spans, propagandas de viagra, encumpridamento de pênis, equipamentos eletrônicos, sacanagens de todo tipo. De vez em quanto, algum jovem pretenso talento teatral manda mensagem como se eu fosse o Jorge Fernando, diretor e ator da Globo.
Se coloquei minha foto no site não foi por mera vaidade. Meu objetivo era deixar bem claro que sou outro e não aquele cara de olhos verdes e trejeitos delicados que de vez em quando aparece na telinha. Sujeito de grande talento e simpatia. Sou seu fã, diga-se de passagem. Mas parece que essa gente nem se dá ao trabalho de observar minha cara no site e sequer faz ideia do quanto eu e o ilustre xará somos diferentes. Aí sapecam pedidos de oportunidade no elenco do filme ou da nova novela que ele está dirigindo, um teste no Projac, uma dica de curso teatral etc. Até já sugeri ao pessoal da Alterosa a criação do Projeca, mas ninguém me deu bola.
Até bem pouco tempo eu respondia essas mensagens, dizendo para olharem bem minha cara feia no site. O gordinho é meu xará e não somos o mesmo sujeito – eu dizia. Contudo, como não adiantava nada, desisti de dar explicações. As mensagens continuam chegando e agora nem me dou ao trabalho de respondê-las. Isso me leva a pensar que todo mundo que sonha ser ator neste país quer trabalhar na novela das oito. Taí uma coisa que jamais desejei. Sempre quis ter uma obra literária reconhecida, mas sem nunca ser parado nas ruas para dar autógrafos. Mesmo na era das celebridades, não abro mão da privacidade. Liberdade é ser um desconhecido na multidão.
Lembro do dia em que meu amigo Jackson Antunes entrou em pânico numa loja de Belo Horizonte, na qual tentava comprar um eletrodoméstico. Isso ocorreu logo no início de sua atuação na novela O Rei do Gado. Ele fugiu pela porta dos fundos, apavorado diante da multidão de fãs que invadiram a loja para vê-lo de perto e pedir autógrafo. Pouco depois, tentava ele caminhar perto de casa, no Rio de Janeiro, quando uns sujeitos mal-encarados começaram a assediá-lo, perguntando se era mesmo tão valente quanto o pistoleiro que interpretava na tal novela.
O site e o blog são excelentes meios para divulgar ideias e trabalhos de cunho artístico, mas felizmente não nos expõem tanto quanto a TV. Mesmo assim, conheço um monte de artistas e jornalistas que sobrevivem sem essa vitrine. Por meio do site, possíveis leitores, professores e editores interessados em meus livros entram em contato comigo ou ficam sabendo mais sobre minha produção. Sempre que faço palestras em escolas, fico surpreso ao saber que os alunos pesquisaram no meu site ou leram meus artigos estampados no blog.
Isso facilita a interlocução, a compreensão da obra, os trabalhos em sala de aula. No entanto, tenho amigos que ainda passam dias e até semanas sem nem mesmo abrir a caixa de mensagens do e-mail pessoal. E há aqueles que nem têm computador em casa. Francamente, eu não saberia viver desse jeito. Posso ficar sem telefone, rádio, TV e mulher; mas sem computador, nem pensar.
No tocante ao blog, acho curioso que alguns textos escritos há meses ainda sejam visitados. Vez ou outra, alguém posta um comentário sobre um assunto do qual eu nem mais me lembrava. Outro dia um sujeito leu uma artigo que publiquei sobre os equívocos da descriminalização do uso de drogas. Indignado, ele disse que fumava maconha, cheirava pó e que eu sou um babaca. Talvez eu seja mesmo, mas nunca usei droga nenhuma, respondi, a não ser o danado do computador.
É isso aí, mano blogueiro, Cunha tem toda razão, e você também.
Mas o blog é uma das melhores diversões da internet e uma das ferramentas mais agudas na discussão de idéias.
Vez em quando me aparecem uns comentaristas – em geral anônimos – cuspindo fogo.
Outras vezes aparecem críticas que me descadeiram.
Passado o baque, agradeço.
Paz e bom humor sempre, mano.