Palavra doida,
Palavra doída.
A pá lavra na lida.
Horizonte vasto!
O boi vê na paisagem
Apenas o pasto.
O ipê distraído
Pinta de amarelo
A grama do parque.
Show de harmonia.
Equilibrista na pauta
Faz a melodia.
Quem de fato ama
Ignora a diferença
Entre o chão e a cama.
Uteruniverso:
A divindade é mulher,
Musa do meu verso.
Espelho quebrado:
O monstro ali refletido
Sou eu do outro lado.
Creia, se puder:
O Cupido apaixonado
Flechou o próprio pé.
Eros, deus menino:
Coração é um brinquedo
Nas mãos do destino.
Eis a questão:
Ou o cão abana o rabo
Ou o rabo abana o cão.
A vida não falha,
Desliza feito uma lesma
No fio da navalha.
A vida me pasma.
Vago nas águas do tempo:
Navio fantasma.
A imagem não mente.
Borboleta foi lagarta
E a flor, semente.
Vida é movimento,
Água boa em cachoeira
No rio do tempo.
Último haicai:
No harakiri sem palavras,
Morre o samurai.