Diversas entidades sindicais assinam e divulgam uma nota de repúdio contra a decisão do governo de Minas, de proibir a divulgação de dados referentes à criminalidade no Estado.
Segundo a nota publicada nos sites dessas entidades, em 6 de fevereiro o jornal Hoje em Dia denunciou a maquiagem das ocorrências policiais e publicou um Boletim de Ocorrência, documento de fé pública, para comprovar a denúncia.
Já no dia 16 foi a vez do jornal O Tempo publicar um memorando da Polícia Militar de Minas Gerais, que proíbe os comandantes das 18 regiões da corporação de divulgar para a imprensa qualquer estatística sobre os índices de violência no Estado.
Na contramão
Se tais denúncias são verdadeiras, torna-se preocupante a atitude governamental de manter a população desinformada a respeito da segurança pública no nosso Estado – em vez de conclamar a participação de todos na solução do problema.
O documento sindical afirma que alegar que os dados sobre criminalidade e violência geram “sensação de insegurança” na população é “uma afronta à capacidade de discernimento da sociedade e só justifica os indicativos da manipulação de informações com fins escusos”.
Esse tipo de prática está na contramão da história, pois remonta aos tenebrosos tempos da ditadura militar, quando a verdade dos fatos era sonegada à população, já que os meios de comunicação estavam sob forte censura.
Questão nacional
Bom lembrar que o nosso Estado cumpriu um importante papel no processo de abertura e redemocratização do país, graças à articulação de suas lideranças políticas. Tancredo Neves dizia que o fim da ditadura seria possível quando Minas se unisse. E foi o que de fato ocorreu.
Uma decisão oficial que vise cercear a informação não condiz com a vocação democrática dos mineiros e só tende a desgastar a imagem do próprio governo perante a opinião pública – sobretudo num ano eleitoral.
Até porque, o aumento da violência, do consumo e do tráfico de drogas não se restringe a Minas Gerais. Trata-se de uma questão de âmbito nacional, um problema que se agiganta em todo o país sem que o próprio governo federal se esforce para solucioná-lo.
Como o documento sindical ressalta, “o povo não precisa de tutela, mas de transparência, liberdade, democracia e informação para poder opinar, escolher e cobrar eficiência no combate ao crime e à violência”.
* Dias depois, o governo mineiro voltou atrás e liberou os dados sobre a violência no Estado.
Parabéns pelo excelente artigo: Pela liberdade de informação. Há tempos estamos vivendo essa censura em Minas, em diversos setores. Pena que poucas pessoas têm a coragem que você tem de falar sobre o problema de maneira clara e direta.
Concordo com você, o povo não precisa de tutela, mas de transparência e liberdade para reinvindicar e tomar suas próprias decisões. Esconder é uma forma de lavar as mãos e torna mais fácil a inatividade.
se um governo coibe dados que interessam ao bem estar da comunidade, esse governo está criando uma falsa paz para o bem estar. é preciso, portanto, desmascará-lo…
A prática da censura é típica de governos ditatoriais. Assim como foi baixada essa portaria proibindo a divulgação do índices de criminalidade no estado, anterior a isso o governo atual enfiou goela abaixo, sem discussão com quem quer que seja, a lei que instituiu o famigerado subsídio para o magistério.
Infelizmente, elegemos uma assembléia legislativa subserviente. Aliás, poderia ser subserviente, mas não composta de “bois de presépio”.
Tem gente que pensa ser e incorpora o espírito de “Napoleão”.