Já estou adentrando a terceira idade e gostaria de fazer mestrado ou arranjar um emprego bem remunerado. Não tenho grana, sou mestiço de várias raças e estudei em escola pública. Só tirei diploma universitário porque ralava o dia inteiro numa instituição bancária e estudava à noite em faculdade particular (como diria Martinho da Vila no seu samba antológico). Depois de me dedicar à profissão de jornalista por mais de 20 anos, pagar impostos descontados na fonte e ganhar como prêmio um pé na bunda por excesso de lealdade, agora quero minha cota.
Esse racado é pra dona Ideli Salvati, a senadora petista de Santa Catarina que defendeu bravamente os companheiros de partido no episódio do mensalão e agora faz proselitismo com os eleitores querendo ampliar as cotas nas universidades federais para negros, índios, mestiços e pobres advindos do terrível ensino público oferecido ao povão por um governo de quinto mundo. Demagogia pura!
Metade do orçamento dessa coisa que chamam de União deveria ser investida em educação básica de qualidade para todos. Ensino não pode ser encarado como negócio, mas como prioridade obrigatória do Estado. Até porque, essa obrigação consta da Constituição Federal. Apesar das propagandas oficiais, a escola pública brasileira continua péssima, com altos índices de evasão e muita violência praticada inclusive contra professores, que vivem acuados pelo narco-tráfico nas salas de aula.
Se a lei da senadora for aprovada, também quero minha cota. Como já disse, sou mestiço de várias raças. Meu pai foi operário e hoje, aposentado aos 80 anos, vive de uma merreca que chamam de salário. FHC disse que aposentado é vagabundo e o presidente Lula parece concordar. Não no caso dele, claro, que ganha uma baba por ter sido preso político. Aliás, ambos ganham essa baba, bem como um monte de parasitas da política nacional que já se aposentaram depois de poucos anos de mandato.
Esse negócio de cota nas universidade é uma embromação que visa tapar o sol com a peneira. O sujeito já nasce discriminado pela própria condição social, estuda numa escola pública de merda e ainda entra na faculdade por um favor do estado. Será que vai encontrar lugar num mercado de trabalho cada vez mais concorrido, exigente e preconceituoso?
Por isso, apelo aos políticos que queiram ganhar tantos votos quanto a senadora catarinense: criem cotas para a terceira idade nas faculdades e também no mercado de trabalho! Brevemente seremos maioria. Apesar disso, basta o trabalhador ter mais de 40 anos e experiência acumulada para ser discriminado no mercado.
A maioria das empresas prefere o jovem recém-formado, que aceita fazer estágio ou trabalhar ganhando pouco, sem nenhuma experiência ou consciência profissional. Quando ele se mostra maduro, merecedor de um salário melhor, leva o pé na bunda e o patrão contrata outro otário pra ocupar a vaga. É pegar ou lagar! Sabe como é, emprego tá difícil à beça…
É isso aí, Jorge. No seu artigo, você fala em nome de várias pessoas discriminadas e da demagogia de várias ações. Alguém precisava ter coragem de falar abertamente sobre isso. Obrigada.
Abraços,
Cris
Jorge,
Adorei o seu blog. Você realmente é um ótimo escritor. Sabe que sou sua fã. Adoro seu estilo. Ele é simples, direto e original. Gostaria de saber se poderia usar alguns dos seus textos para trabalhar em sal.
Torço por você.
Zoi